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Capital

Animais mortos são estendidos em frente ao Dnit cobrando ação esperada há 1 ano

Manifestantes organizaram ato para pedir implementação de projetos que evitem atropelamentos nas rodovias

Cassia Modena e Izabela Cavalcanti | 15/05/2023 08:44
Ato ocorre em frente ao Dnit, na Avenida Mato Grosso (Foto: Marcos Maluf)
Ato ocorre em frente ao Dnit, na Avenida Mato Grosso (Foto: Marcos Maluf)

Restos mortais de nove animais silvestres estão estendidos sobre lonas em frente ao Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes), em Campo Grande, na manhã desta segunda-feira (15).

A exposição de corpos de tatu, tamanduá-bandeira, quati e lobo-guará em estado deplorável não é nenhuma ação pública de pesquisadores, e sim um protesto para chamar atenção para a demora na execução de um plano do próprio Dnit, que poderá frear o atropelamento de fauna nas estradas e rodovias de Mato Grosso do Sul.

Várias rodovias estaduais e federais oferecem risco à vida dos animais, mas a que mais pede providências imediatas segundo os protestantes é a BR-262, que liga Campo Grande a Corumbá cortando o Pantanal sul-mato-grossense.

Carcaças estendidas são de animais atropelados em rodovias de MS (Foto: Marcos Maluf)
Carcaças estendidas são de animais atropelados em rodovias de MS (Foto: Marcos Maluf)

"Isso precisa parar. O Dnit já tem um plano de mitigação pronto, só precisa de vontade política para fazer o negócio acontecer. Um estudo mostra quais são os pontos da estrada onde tem mais vulnerabilidade para acontecer atropelamentos, indicando quais pontos devem ser cercados, onde podem ser construídas novas passagens de fauna e onde a sinalização pode melhorar", detalhou o biólogo Gustavo Figueiroa, da organização SOS Pantanal, que é uma das organizadoras do ato.

Gustavo ressalta que não só a biodiversidade é impactada com os atropelamentos, e que há prejuízo quanto a vidas humanas e à economia estadual. "É um problema de todo mundo. A gente está falando não só de estradas seguras para animais, mas também para pessoas que as utilizam. Os dois lados saem perdendo. São centenas de vidas humanas perdidas todos os anos, milhares de vidas de animais e milhões de reais em prejuízo", pontua.

Biólogo do SOS Pantanal, Gustavo frisa que BR-262 é o foco, mas atropelamentos ocorrem em outras rodovias (Foto: Marcos Maluf)
Biólogo do SOS Pantanal, Gustavo frisa que BR-262 é o foco, mas atropelamentos ocorrem em outras rodovias (Foto: Marcos Maluf)

Como parte do ato, os manifestantes vão entregar uma carta assinada por 250 pessoas, pedindo agilidade na implementação do plano de Dnit.

12,4 mil animais - Somente em Mato Grosso do Sul, o saldo de animais selvagens atropelados em 85 mil quilômetros de rodovias, entre 2017 e 2020, foi de aproximadamente 12,4 mil. Desses, 363 eram espécies ameaçadas de extinção, como a onça-pintada, a onça-parda, o tamanduá-bandeira, o lobo-guará e a anta.

Protestantes fizeram cartaz com notícia do Campo Grande News sobre acidente envolvendo animal (Foto: Marcos Maluf)
Protestantes fizeram cartaz com notícia do Campo Grande News sobre acidente envolvendo animal (Foto: Marcos Maluf)

Os dados são da primeira fase do projeto Bandeiras e Rodovias do Icas (Instituto de Conservação de animais silvestres).

Cerca de 90% dos atropelamentos não são propositais, segundo constatou o projeto. A velocidade alta dos motoristas e a não implementação de ações de proteção, como o cercamento, estão entre as principais causas.

A bióloga Daniella França, participante do protesto, reforça que o grupo confia na implementação do plano do Dnit como parte da solução para esse problema e o aguarda a mais de um ano. "Temos milhares de animais morrendo todos os anos e a gente já tem como evitar isso, porque tem o plano de mitigação. É só implementar", completa.

Bióloga Daniella França diz que o plano está pronto e só falta implementar (Foto: Marcos Maluf)
Bióloga Daniella França diz que o plano está pronto e só falta implementar (Foto: Marcos Maluf)

Além da SOS Pantanal, fazem parte da organização do movimento o coletivo Estrada Segura para Todos e o Fridays for Future.

Conversa - O superintendente estadual do Dnit, Euro Nunes Varanis Junior, afirmou à imprensa ter tido "uma conversa legal" com os manifestantes e entendido seus pontos.

Ele justificou que o plano citado não foi executado por faltar uma avaliação e autorização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) quanto às ações propostas.

"Ano passado apresentamos plano de mitigação de acidentes de Aquidauana até Corumbá. Ele foi feito pela empresa Via Fauna. Agora, estamos esperando a aprovação do Ibama para saber se aquelas medidas propostas podem ser implementadas ou não", explicou o superintendente.

Euro Nunes acrescentou, ainda, que está pedindo apoio à bancada de deputados federais de Mato Grosso do Sul para dar celeridade à aprovação e implementação do plano.

Editada às 12h14 para acréscimo de informações.

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