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Capital

Ao contrário de taxistas, transporte coletivo não vê ameaça no Uber

No dia 23 de março, uma grande audiência pública será realizada na Câmara Municipal para definir mudanças na regulamentação das 'caronas pagas'

Richelieu de Carlo | 14/03/2017 09:08
Celular com acesso ao Uber, enquanto veículo deixa ponto de ônibus. (Foto: André Bittar)
Celular com acesso ao Uber, enquanto veículo deixa ponto de ônibus. (Foto: André Bittar)

Enquanto taxistas e mototaxistas participam ativamente do debate, que acontece na Câmara Municipal, sobre a regulamentação em Campo Grande de aplicativos de ‘caronas pagas’ como a Uber, devido ao que consideram "concorrência desleal", as empresas de ônibus se mantém alheias ao assunto, pois não veem o serviço como uma ameaça aos seus rendimentos financeiros.

O debate teve início na terça-feira (7), quando motoristas da Uber utilizaram a tribuna do Legislativo da Capital para defender uma regulamentação sem limitação no número de alvarás para motoristas que trabalham por meio de aplicativo. Na quinta-feira (9), foi a vez de taxistas e mototaxistas reclamarem da “concorrência desleal” da Uber, que não paga imposto e oferece preços menores.

Por outro lado, representantes das empresas responsáveis pelos ônibus da Capital só vão se manifestar caso sejam convidados ou convocados ao diálogo. “Nós tivemos nenhuma convocação ou convite para participar. Nós não iremos se não formos convidados e convocados”, revela João Rezende Filho, diretor do Consórcio Guaicurus.

João Rezende se diz a favor da regulamentação, mas que as empresas de ônibus não tem “nada a opor” a respeito. “Acreditamos que deva ser encontrado o ponto ideal de estabelecimento de uma solução consensual entre as partes, mas nós não temos nada a nos opor”, defende.

O diretor das empresas detentoras do serviço de transporte coletivo de Campo Grande diz que não tem números a respeito do impacto que a chegada da Uber causou às finanças do grupo, mas acredita que a situação econômica do País seja mais preponderante para a queda de receitas.

João Rezende Filho, diretor do Consórcio Guaicurus. (Foto: Richelieu de Carlo)
João Rezende Filho, diretor do Consórcio Guaicurus. (Foto: Richelieu de Carlo)

“Nós não temos estatísticas sobre perdas em função dos aplicativos, mas o transporte de passageiros encolheu como toda a economia. A economia encolheu e as empresas com isso diminuíram o ritmo”, explica Rezende.

Nesta terça-feira (14), será a vez do representante dos auxiliares de taxistas da Capital, Edinaldo Ribeiro de Lima, que deve apresentar as dificuldades e posicionamento da categoria a respeito da regulação.

Como os vereadores são responsáveis por convidar representantes dos setores para discursar no parlamento municipal, a assessoria da Câmara não sabe se algum representante das empresas de ônibus será chamado. A reportagem tentou contato com membros da Comissão de Transporte, que não atenderam as ligações.

Todas as discussões nestas duas semanas vão dar subsídio para a realização de uma “grande audiência pública”, no dia 23 de março, que deve contar com a presença de representantes da Uber, taxistas e mototaxistas, além de membros dos poderes Executivo, entre eles o prefeito Marquinhos Trad (PSD), Judiciário e do próprio Legislativo.

Após isso, a Prefeitura vai decidir, através das informações coletadas, quais mudanças vai fazer no decreto nº 13.099, do dia 24 de fevereiro, que regulamentava a Uber em Campo Grande. E está suspenso por seis meses para a conclusão dos debates.

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