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Capital

Assassino de Carla alega "amnésia" e reclama que ela "não deu bom dia"

Marcos André Vilalba de Carvalho está com prisão preventiva decretada pela Justiça desde esta terça-feira (14)

Marta Ferreira e Bruna Marques | 15/07/2020 10:29
O delegado Carlos Delano, durante entrevista nesta manhã sobre a prisão do assassino de Carla Santana Magalhães. (Foto: Henrique Kawaminami)
O delegado Carlos Delano, durante entrevista nesta manhã sobre a prisão do assassino de Carla Santana Magalhães. (Foto: Henrique Kawaminami)

Localizado na terça-feira (13) por policiais militares do Batalhão de Choque da Polícia Militar e preso preventivamente desde ontem na DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), o servente de pedreiro Marcos André Vilalba de Carvalho, de 21 anos, chegou a ser entrevistado pelas equipes de segurança logo depois da descoberta do corpo de Carla Santana Magalhães, de 25 anos, mas não foi ouvido como suspeito do crime inicialmente.

Acabou preso duas semanas depois.  A chegada até o criminoso ocorreu depois de denúncia anônima que levou policiais militares a encontrarem com ele lençol manchado de sangue. A delegacia responsável pelo caso foi alertada do fato e, nesta quarta-feira (15), foi à casa de Marcos André, não o encontrou, foi até a obra onde ele trabalhava, ele permitiu a entrada na casa e lá confessou o assassinato, porém disse lembrar-se de pouca coisa.

Sobre a vítima, a quem não conhecia, houve queixa do assassino confesso sobre um dia no qual, vestido "de pedreiro", com a roupa suja, deu bom dia e Carla não respondeu. Se sentiu diminuído, como alegou.

Foi o que contou nesta manhã o delegado de Polícia Civil Carlos Delano, responsável pelo caso, na primeira entrevista coletiva sobre o assunto.

De acordo com ele, Marcos André demorou algum tempo para admitir que matou Carla. Só fez isso quando foi confrontado pelas equipes com os achados de sangue no lugar.

Havia manchas por toda a casa, conforme a autoridade policial, além do lençol e de uma máscara com resquícios de sangue. Foram encontrados sinais de que algo foi arrastado, inclusive.

Embora o lugar tenha sido lavado, o exame com luminol identificou a presença de material humano, que vai ser alvo para indicar se é o DNA é o da vítima.

Na semana passada, áudio obtido por meio de câmera de segurança mostrou os gritos por socorro de Carla ao ser raptada, gritando pela mãe. A suspeita era de participação de pelo menos duas pessoas e utilização de um carro.

Embora o delegado diga que ainda não descartou a participação de mais alguém, a confissão do jovem preso e o fato dele morar "exatamente ao lado" da casa da vítima indicam que ela foi levada só por ele e a pé.

Corpo de Carla foi coberto por familiares, depois de ser encontrado em varanda de comércio na esquina da casa de Carla. O assassino morava do lado da residência da vítima. (Foto: Kísie Ainoã)
Corpo de Carla foi coberto por familiares, depois de ser encontrado em varanda de comércio na esquina da casa de Carla. O assassino morava do lado da residência da vítima. (Foto: Kísie Ainoã)

Violência brutal - O Campo Grande News apurou, ainda, que na hora da indagação sobre a presença do sangue, Marcos deu uma resposta que choca e ajuda a explicar a dinâmica do assassinato cruel.

O preso disse que as manchas do líquido humano eram suas, pois usa um objeto que simula um pênis, feito com panos e camisinha, para se satisfazer sexualmente, introduzindo no ânus. Segundo sua alegação, em alguns momentos acaba se machucando e saindo sangue.

Diante da caraterística das manchas, indicando que o sangue foi “aspergido”, ou seja, espirrado, ele acabou admitindo que, “só ele poderia ter matado a jovem”.

Existe a suspeita, ainda, de uso desse objeto para violação sexual de Carla. O assassino não detalha como cometeu o brutal assassinato. Diz não se lembrar da maior parte.

Amnésia - À polícia, Marcos André disse que só se lembra de ter visto Carla passar no dia 30 de junho, de ir atrás dela e do momento em que acordou, no dia 1 de julho, e encontrar o corpo da jovem casa onde vive, “cheio de furo”.

 Admitiu ter escondido debaixo da cama, ido trabalhar normalmente na quarta, quinta e de, na sexta, ver a movimentação no comércio onde ela foi localizada e, só aí, saber que o cadáver da jovem havia sido abandonado, nu, na calçada do comércio onde ele era cliente.

Indagado sobre o porque não houve buscas na casa dele, o delegado informou que para a polícia judiciária fazer isso, seria necessário mandado de busca com fundada suspeita. Isso não existia.

Quando o Batalhão de Choque foi ao lugar, havia uma denúncia anônima com a indicação de participação no crime.

“Em um crime como esse, o leque de possibilidades é abrangente. Ele chegou a ser entrevistado por nós. Estivemos na casa dele, apesar de naquele momento não ser a linha de investigação mais forte, acabou se revelando a verdadeira”, disse o delegado.

Abandono – No depoimento, Marcos André foi perguntado pela mãe e chamou a mulher de “vagabunda”. Relatou ter sido abandonado por ela. Sobre o pai, disse não ter contado.

Ele mora em Campo Grande há 9 meses. Veio de Bela Vista para trabalhar como servente de pedreiro. Pelas informações levantadas, estudou até o ensino fundamental.  

A apuração aponta que é consumidor contumaz de bebida alcoólica.

Marcos está com prisão preventiva decretada por feminicídio, por determinação do juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri. Embora ele não conhecesse a jovem ou a família dela, o entendimento da polícia é de que houve “menosprezo à condição de mulher”, uma das hipóteses da lei do feminicídio.

“Em um crime como esse, o leque de possibilidades é abrangente. Ele chegou a ser entrevistado por nós, tivemos na casa dele, apesar de naquele momento não ser a linha de investigação mais forte, acabou se revelando a verdadeira”.

(Matéria editada às 11h15 para acréscimo de informação)


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