Ato pela Paz reúne grupos que lutam contra violência, seja qual for
A praça Ary Coelho, no centro de Campo Grande, foi o palco nesta noite do Ato pela Paz “Não queremos o fim do mundo, queremos o fim da violência”.
O evento contou com a participação de várias entidades, e teve como motivação principal a morte do jovem Lawrence Corrêa Biancão, de 20 anos.
Lawrence foi encontrado morto no último dia 9, dentro do carro, na Orla Morena. Ele foi assassinado por dois adolescentes que queriam roubá-lo. O crime também teve relação com a homofobia.
Uma das participantes foi Márcia Gomes de Moraes, representando o Mescla-MS (Movimento de Estudo, Sexualidade, Cultura e Ativismo LGBT). Márcia, que já tem 25 anos de militância, reafirmou a luta dos homossexuais durante os anos.
“Acontecem outros crimes até mais chocantes, mas que a sociedade não fica sabendo, então é precisa trabalhar em cima disso. As pessoas precisam ter o direito de ir e vir”, explica Márcia, que acrescenta. “Você não sabe o que espera você fora de casa”.
Para ela, mesmo com o crescente número de pessoas se manifestando publicamente, ainda há várias outras que ainda tem medo de se expor. Além disso, tais situações de violência trazem uma maior preocupação familiar. Márcia também cita a Lei Estadual 3.057, de 2005, relativa ao combate à homofobia. Entretanto, ela diz que falta divulgação da lei e aplicação.
Já Leonardo Bastos, de 28 anos, representou a Setas (Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social) no evento, onde também foram arrecadadas assinaturas na campanha que começou a partir da morte dos universitários Breno e Leonardo, no final de agosto.
Segundo Bastos, um dos focos do evento é o de agregar mais parceiros na luta contra a violência, seja ela sexual, racial, entre outras. “Não dá para ser contra a violência se não aceitar as diferenças. Quem é contra a violência, é contra todas as formas de violência, não apenas contra homossexuais”, resumiu.
As jovens Inayá Borba e Giuliana Vitório acompanharam o ato esta noite. “O que sai da beirada da sociedade e passa para o centro, incomoda”, comenta Inayá, se referindo da visibilidade que grupos, antes totalmente excluídos, passaram a ter. “Não importa se somos bi, homo. Somos normais, e não queremos mais sofrer com isso”, explica.
Quando à morte de Lawrence, para Giuliana, só por se tratar de um homicídio, a sociedade já considera o crime inaceitável, não importando se ele era homossexual ou não. “Todos ficam chocados, até porque a morte não aconteceu somente porque ele era homossexual”.
Tanto Inayá como Giuliana concordam que a violência também não é apenas física. “A morte é o pico da violência, mas antes com certeza tem outros atos, como xingamentos”, finaliza Giuliana.