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Capital

Áudio homofóbico no Whatsapp provocou rixa que levou capitão à prisão

Oficial da PM gay garante que há vários anos é “vítima de homofobia“

Ângela Kempfer | 09/07/2021 09:42
Denúncia foi apresentada ao Ministério Público Militar pelo capitão Felipe Joseph. (Foto: Reprodução)
Denúncia foi apresentada ao Ministério Público Militar pelo capitão Felipe Joseph. (Foto: Reprodução)

Em junho, quando o assunto que movimentava as redes sociais era a busca pelo serial killer Lázaro Barbosa, os grupos de Whatsapp também ferviam com trocas de mensagens sobre a caçada. Uma delas, em especial, virou centro de polêmica que ontem levou o capitão Felipe dos Santos Joseph à prisão.

Áudio pejorativo sobre homossexuais acabou compartilhado no grupo da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, o que provocou denúncia de homofobia ao Ministério Público Militar, apresentada pelo capitão Joseph.

O teor da postagem não foi divulgado, apenas citaram se tratar de uma piada sobre as buscas por Lázaro, com imagem de dois policiais penais do Distrito Federal.

Gay, dentro de uma corporação conservadora, ele sentiu-se ofendido, declarou sua opinião contrária, saiu do grupo e levou o caso ao MPM na semana passada. Ontem, foi chamado para prestar declarações, supostamente sobre outros motivos, considerou se tratar de coação, negou as respostas e acabou preso por desrespeitar um superior.

Mais cedo, diz que já havia recebido informações de colegas de que seria transferido, como mais um ato de perseguição dentro da PM.

Prisão - Do outro lado dessa briga está o tenente-coronel Antônio José Pereira Neto. Ele foi o responsável pelo compartilhamento no Whats em junho, acabou denunciado pelo colega por prática homofóbica e ontem deu voz de prisão a Joseph por desobediência.

Sobre o motivo da desavença, em depoimento o tenente-coronel garantiu que a convocação para declarações na tarde de ontem não tinha relação com a denúncia de homofobia e sim com fala na tarde de quinta do capitão, que teria comentado com outros colegas que "era bom estar de volta" à Diretoria  de Recrutamento, Seleção e Promoção, onde ambos trabalham. Segundo Neto, a declaração de Joseph pareceu "provocação" porque a tal transferência nunca foi cogitada de fato e que "precisava esclarecer o motivo do capitão estar se posicionando dessa forma".

Sobre denúncia de perseguição por ser gay, o coronel Neto nega. Disse em depoimento que nunca "se preocupou em momento algum (com a denúncia ao MPM)... que até achou que não fosse verdade porque nunca cometeu ilegalidade ou abuso contra ele, pelo contrário; que sempre tratou o capitão Joseph com respeito e profissionalismo" e que sempre acho que “ele era heterossexual”.

Já na análise do capitão Joseph, a prisão dele é "só mais uma prova da agressividade" do tenente-coronel Neto. Também afirmou já ter sido "atacado" e temer pela própria vida, mas que prefere apresentar as provas apenas ao Ministério Público.

O capitão ressaltou que "falas e compartilhamentos causam extremo 'sofrimento' e que esse caso é uma oportunidade da Polícia Militar passar sua história a limpo e que não se pode mais transformar crimes em brincadeiras.


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