Bandidos de SP vieram para Campo Grande participar de roubo a banco
Sete suspeitos já foram identificados pelo crime e quatro deles já foram presos pelo Garras
Uma quadrilha especializada de roubo a bancos veio a Campo Grande para participar da explosão dos caixas eletrônicos do Banco do Brasil, dentro do Parque de Exposições Laucídio Coelho, no dia 11 de outubro. Os “profissionais” de São Paulo foram chamados para ajudar o grupo comandado por José Claudio Arantes, o Tio Arantes, no crime.
Até o momento, quatro integrantes da quadrilha foram presos, entre eles Tio Arantes, localizado pela polícia em um condomínio da Avenida Marquês de Pombal, no dia 23 de novembro. Outros três envolvidos já foram identificados e estão foragidos.
A denúncia feita pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) contra os suspeitos, detalha o esquema organizado pelos criminosos e revela que o grupo chegou a receber ajuda de bandidos especializados em roubo a banco vindos de São Paulo, somente para participar do crime.
A preparação para a explosão dos caixas eletrônicos começou pelo menos um mês antes, quando os criminosos alugaram uma casa, no Jardim Morenão, para servir como ponto de apoio ao grupo. Segundo o MPE, toda a investigação mostrou uma quadrilha organizada, onde cada integrante tinha sua função específica.
Tio Arantes é considerado pela polícia o líder do grupo. Todas as ordens para o crime partiam dele e de Adailton Bezerra Cavalcante, o “Velho”, ambos considerados chefes do PCC (Primeiro Comando da Capital) em Mato Grosso do Sul. Ítalo de Moraes, sobrinho de Arantes, era o terceiro na hierarquia da organização.
Era ele quem fazia o contato entre o tio e o resto do grupo e também o responsável pelo apoio logístico aos outros criminosos envolvidos do roubo. Para isso, ele contava com ajuda da esposa, Carolina Gonçalves da Silva, a “Carol”, Gabriel da Silva Paim, vulgo “Senhor das Armas”, Rivael Cardoso Alvez, conhecido como “Riva” e Willyan Leal de Souza, o “Magrelo ou PCC”.
Ítalo também era o responsável por intermediar as conversas entre os “os profissionais” e Tio Arantes. Em depoimento, um dos presos relatou que os bandidos vindo de São Paulo participaram “diretamente na subtração do dinheiro e que permaneceram somente uma noite na casa alugada pelos bandidos”.
A residência, alugada no nome de Carol, era a base da quadrilha. Ela era usada como lar temporário dos suspeitos e também como depósito de drogas comercializada por eles. O local ainda foi usado como depósito para as armas no roubo. Dois fuzis, uma submetralhadora, uma espingarda calibre 12 e várias pistolas foram levadas até o grupo por Willyan.
Os suspeitos contaram que os armamentos pertenciam a Tio Arantes e no dia seguinte a “entrega” foram levadas para Adailton, “o homem de confiança” do suspeito. Para o crime, o grupo ainda comprou um Renault Logan, apreendido pela polícia logo após a explosão dos caixas. Para pagar o carro, os bandidos usaram dois veículos, uma BMW modelo 1996 e um Fiat Palio e mais R$ 1,5.
Ação - No dia 11 de outubro, pelo menos seis ladrões fortemente armados invadiram o parque, renderam os dois seguranças do local e explodiram os terminais eletrônicos. Para isso, os suspeitos usaram explosivos improvisados, feitos a partir de pólvora compactada, que causa menos danos às cédulas.
Segundo a investigação da polícia, os dois caixas estavam abastecidos, um com R$ 94.390,00 e o outro com R$ 63.700,00. Todo o valor foi roubado pelo grupo, que só não contava que durante a fuga seriam flagrados por policiais militares que ouviram as explosões e resolveram verificar o que acontecia.
Um troca de tiros aconteceu nas ruas em torno do parque, mas ainda assim a quadrilha conseguiu escapar, abandonando um Volkswagen Golf usado no crime para trás. No veículo foram apreendidos R$ 39.370,00. Ao todo, a polícia calcula que a quadrilha tenha levado pouco mais de R$ 118 mil.
Operação - Nesta quinta-feira, a Polícia Federal deflagrou a Operação Miguelito, uma força-tarefa para combater quadrilhas especializadas em explodir caixas eletrônicos em agências bancárias.
Assim como o grupo que agiu em Campo Grande, as quadrilhas utilizavam armas de grosso calibre – fuzis, por exemplo – e faziam vários disparos. Os criminosos também atiravam contra a polícia quando as equipes se aproximavam do local da ocorrência e cercaram os lugares do crime com miguelitos.
Os policiais cumprem no total 35 mandados judiciais, sendo 10 de prisão preventiva, 5 de prisão temporária, 2 mandados de condução coercitiva e 18 mandados de busca e apreensão em Londrina, Cambé, Arapongas e Curitiba, no estado do Paraná, Sandovalina e Euclides da Cunha Paulista, em São Paulo, e em Nova Andradina, que fica a 300 km de Campo Grande, no Estado.