ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SEXTA  22    CAMPO GRANDE 28º

Capital

Bicho financia atividades perigosas e violentas, diz Gaeco sobre Omertà 4

Ação já fechou uma centena de barraquinhas onde são feitas apostas em Campo Grande, desde esta quarta-feira

Marta Ferreira | 24/09/2020 17:51
Banca de jogo do bicho em esquina da Avenida Raquel de Queiroz, no Bairro Aero Rancho. (Foto: Aletheya Alves)
Banca de jogo do bicho em esquina da Avenida Raquel de Queiroz, no Bairro Aero Rancho. (Foto: Aletheya Alves)

O jogo do bicho financia organizações criminosas perigosas e violentas. Com essa definição, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) explicou, em nota a fase 4 da Operação Omertà, a “Black Cat”, deflagrada nesta quarta-feira (23), em Campo Grande. A investigada contra o negócio fora da lei segue lacrando bancas que operam a loteria baseada números atribuídos aos bichos.

De acordo com o último levantamento apurado pelo, já foram atingidas pela ação mais de 100 pontos de apostas. O total, segundo apurado junto à força-tarefa da Polícia Civil que está nas ruas, pode chegar a 500 locais.  Cinco delegacias estão envolvidas nos serviços para bloqueio das estruturas da atividade fora da lei.

Não há um mapeamento preciso e esse número, assim como eventuais dados sobre movimentação financeira serão conhecidos ao fim dos trabalhos.

Como a operação vazou, em poucos lugares foram encontrados apontadores do bicho. Até o fim da manhã, entre ontem e hoje, haviam sido levadas 28 pessoas para o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros). Por se tratar de contravenção penal, e não crime, elas estão sendo liberadas após serem ouvidas e assinaram termo circunstancial de ocorrência.

“Considerado contravenção penal pela legislação penal brasileira, o jogo do bicho tornou-se ao longo do tempo grande financiador de organizações criminosas de alta periculosidade pela violência empregada em ações delituosas a fim de garantir a lucratividade do negócio, inclusive no Estado de Mato Grosso do Sul”, afirma a nota do Gaeco.

Viatura da Polícivia Civil chega à sede do Garras, para onde apontadores do bicho foram levados durante ação. (Foto: Kísie Ainoã)
Viatura da Polícivia Civil chega à sede do Garras, para onde apontadores do bicho foram levados durante ação. (Foto: Kísie Ainoã)

Objetivo - Para os investigadores, o foco principal da ação é juntar provas para evidenciar a ligação entre a exploração do bicho e a organização criminosa alvo das primeira fases da Omertà. O empresário Jamil Name, preso há um ano, é aponado como chefe tanto da exploração do bicho quanto de milícia armada dedicada a eliminar inimigos por meio de execuções.


O nome da operação é em alusão a "Gato Preto", como se denomina a banca ilegal de exploração do jogo de azar.

Nos relatórios de investigação e peças processuais derivadas da operação, é citado sempre que a estrutura da estrutura do escritório de pistolagem copiou a forma de atuação do jogo do bicho.

Integrantes do grupo já respondem, oficialmente por três assassinatos e são investigados e pelo menos mais uma dezena, ao longo dos últimos anos. Um dos casos mais rumorosos é a morte do delegado aposentado Paulo Magalhães, ocorrido em 2013, em Campo Grande, cujo inquérito foi desarquivado este ano.

Irregular – Na nota divulgada sobre o “Black Cat”, o Gaeco confirma que a maioria das barracas do jogo do bicho está instalada em passeios públicos, o que implica também infração administrativa por ocupação irregular de espaço público, cabendo ao Poder Público a remoção imediata de todas estas estruturas.

“Restou evidenciado ainda que pontos de realização de jogo do bicho também funcionam no interior de estabelecimentos comerciais, o que configura infração de ordem penal e administrativa, acarretando aos proprietários dos respectivos locais responsabilização penal e, até mesmo, a cassação do alvará de funcionamento”, diz o texto.

A reportagem pediu posicionamento da prefeitura de Campo Grande sobre o assunto, mas não houve retorno.

O grupo especial do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) reforça que o rompimento do lacre, para reabertura das bancas do bicho, configura o crime previsto no artigo 336 do Código Penal, “sujeitando o infrator à pena de detenção de até um ano”.

Nos siga no Google Notícias