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Capital

Bloqueador não barra sinal de internet e comunicação de presos continua

Aline dos Santos | 11/06/2015 09:36
Em um único dia, foram recolhidos 78 celulares no presídio Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima. (Foto: Marcos Ermínio)
Em um único dia, foram recolhidos 78 celulares no presídio Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima. (Foto: Marcos Ermínio)

Ativado no ano passado, o sistema para bloquear o sinal de telefonia móvel não impede que presos utilizem internet. Desta forma, o celular significa acesso livre a aplicativos como WhatsApp e redes sociais mesmo nas celas.

Nos últimos meses, internos divulgaram vídeos de rebelião gravados com celular, quase 80 aparelhos foram recolhidos da Máxima num único dia de pente-fino e, na terça-feira, um carregador oculto em uma pipa “voou” até o complexo penal em Campo Grande.

A ineficácia do sistema é denunciada pelo Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul). “Os bloqueadores não funcionam. O tipo de tecnologia é ultrapassado ou não é eficiente. Tem pontos 'cegos'. Interfere na ligação, mas não bloqueiam sinal de internet”, afirma o presidente do sindicato, André Luiz Garcia Santiago.

No dia 9 de maio, os internos utilizaram os celulares para filmar e divulgar o momento da rebelião nas redes sociais. Já em 23 de fevereiro, 79 aparelhos foram apreendidos na penitenciária Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima.

“Mesmo depois dos bloqueadores, tem um fluxo alto de celulares. A sociedade acha que o servidor tem grande responsabilidade nisso. Não estou dizendo que não existe maus funcionários, mas fica generalizada essa teoria. A pipa é uma prova que tentam várias formas”, diz.

Drogas e celulares também são levado por visitas, arremessadas no pátio, e também por presos que circulam auxiliando na limpeza da unidade penal.

“Um dos problemas é a quantidade de servidores. Na Máxima, são 10 agente por plantão para cuidar de 2.300 internos. Fica humanamente impossível o controle mais eficiente”, salienta o presidente do sindicato.

Conforme André Santiago, a revista seria mais eficiente se o presídio contasse com um scanner corporal.

A instalação do sistema foi no ano passado. Na ocasião, foi divulgado que se tratava de uma tecnologia de ponta. Já o custo total não foi revelado. Em 14 de outubro de 2013, o Diário Oficial do Estado publicou um contrato de R$ 326,9 mil relativo à instalação elétrica para implantação do sistema de bloqueadores.

Novas tecnologias – Conforme a assessoria de imprensa da Agepen ( Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), o sistema, gerenciado pela empresa Compnet,  atua no bloqueio de ligações de celulares e de mensagens SMS, mas não bloqueia os sinais de internet.

“Diante disso, a Agepen está buscando junto à empresa responsável novas tecnologias que sejam efetivas também para bloquear a internet, mas de maneira que não prejudique os trabalhos jurídicos e de reinserção desenvolvidos nos presídios”, informa a assessoria.

As unidades penais utilizam a internet para consultar alvarás de soltura, peticionamentos eletrônicos e processos judiciais; pesquisas em sistemas de segurança, anotações de procedimentos de saúde e cursos online oferecidos aos reeducandos.

Outra dificuldade é não restringir o acesso à internet dos vizinhos ao complexo penal. Quanto às ligações, a Agepen informa que serão instalados postes de concreto para elevar a posição dos aparelhos bloqueadores. A medida é para evitar a ocorrência de “pontos de sombra”, onde o bloqueio não alcança.

Segundo o diretor-presidente da Agepen, Ailton Stropa Garcia, o bloqueio de sinal é apenas uma das linhas de trabalhos adotadas para impedir o uso de celulares por detentos. “A agência penitenciária também tem atuado, de forma efetiva, no sentido de impedir a entrada dos aparelhos nas unidades prisionais, bem como na retirada, por meio de vistorias rotineiras pelos agentes penitenciários, dos celulares que por ventura chegam às mãos dos custodiados”, diz.

Abaixo, vídeos gravados com celulares na Máxima.

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