Caminhada 'Passos pela Vida' alerta doadores de órgãos a avisar família
Evento aconteceu neste domingo; nas primeiras horas da manhã 102 pessoas se tornaram doadoras
A 1º Caminhada “ Passos pela Vida – Juntos pela Doação de Órgãos e Córneas” reuniu inúmeras pessoas na manhã deste domingo (15), no Parque dos Poderes em Campo Grande. O objetivo foi explicar a importância de se ser um doador e como informar a decisão para a família faz toda a diferença. Nas primeiras horas do evento, 102 pessoas se tornaram doadoras.
Claire Miozzo, coordenadora de transplante no Estado explicou que a ideia da caminhada é justamente essa, chamar atenção para o assunto e incentivar pessoas a se tornarem doadoras.
“Muitas pessoas não conhecem, não sabem o que fazer. Nós ainda temos uma negativa familiar alta, né? Mas a gente entende que isso é o desconhecimento e a falta de divulgação desse processo, de como funciona. Muitas pessoas não sabem que tem que falar com a família. Converse com a família e deixe claro em vida que você é um doador de órgãos e tecidos”
Em Mato Grosso do Sul a maior demanda é por transplantes de córnea e rim. Ao todo o número passa de 400 pessoas, segundo Claire.
“A gente sente que quando falamos mais, as famílias se interessam e conversam mais sobre. É isso que queremos, chamar atenção de como falar. Se a família está enlutada, sofrendo, ela não vai saber como fazer e opta pelo não”.
Sebastião da Conceição é uma das pessoas que estão na fila por um transplante de fígado. Ele ressalta que o caso é grave e guarda há três meses uma nova chance de vida.
“Eventos assim são importantes porque as pessoas que estão na fila estão ansiosas por uma oportunidade de vida porque o remédio já não traz a cura, somente o transplante. Caso não ocorra o transplante, a expectativa de vida é muito curta, então eu anseio muito para que isso ocorra ainda este ano comigo”.
O atleta medalhista Yeltisin Jacques também participou da caminhada, porém não conseguiu falar com a reportagem pois chegou no horário para o início da atividade.
O presidente da Fratello (Associação de Apoio ao Transplante de Órgãos e Tecidos de Mato Grosso do Sul) João Paulo Corrêa, ressalta que a associação nasceu de pessoas que também precisaram de transplante.
“A ideia é somar esforços e reunir pessoas que consigam uma ponte entre o hospital, entre o poder público para que a gente viabilize de forma mais rápida esse transplante amenizando a situação das filas”
Em 2024 Campo Grande realizou, pela primeira vez, um transplante de fígado. A operação inédita foi realizada na madrugada do dia 23 de julho, no Hospital Adventista do Pênfigo. João Paulo comenta que a associação levou em média dois anos para se organizar e realizar a cirurgia.
“Existe uma instrumentalização no sentido de maquinário e de equipamentos mesmo que era realmente muito difícil. Mas a gente conseguiu nesses dois anos e dois meses atrás a gente realizou o nosso primeiro transplante. Hoje nós já temos quatro transplantados aqui e 34 no Estado. Atualmente nós temos dez pessoas na fila de transplante hepático”.
Ele explica que a instituição funciona de maneira gratuita, tanto em exames quanto na operação e como uma intermediária para os hospitais que realizam a ação.
“A gente funciona ainda não é com a regulação que seria aquele médico do SUS ou aquele aquele hospital que faz a regulação e coloca esse paciente na fila. Todo o nosso trabalho ainda é feito em gratuidade. Isso quer dizer que nenhum dos pacientes paga nada pelo tratamento nem pelos exames nem pelo acompanhamento. Só que ainda é um trabalho boca a boca”
Conforme o presidente, em 95% dos casos a alegação é de que a família não conhecia a vontade do doador. A médica Jaqueline Ogeda, de 31 anos, também se tornou doadora na ação deste domingo. Estar na profissão foi fator determinante para que ela conseguisse se tornar uma doadora de órgãos e tecidos.
“A gente vê o outro lado também, como as pessoas precisam da doação e não têm. Por falta de talvez conhecer e não ter. As pessoas têm muito medo do conceito de doar e é muito necessário. Não tem como deixar uma fila durante um ano e meio, dois anos, simplesmente por desconhecimento”.
Contramão - Apesar de participarem da ação, Neuzeli Magalhães, de 56 anos e Telma Marinho de Lima, de 68 anos, não são doadoras. Elas explicam que mesmo que não sejam, apoiam a causa e fazem questão de estarem presentes.
”Viemos pra participar, acho um dia importante. Não sou doadora, acho que é particular, mas apoio a causa, não é porque não sou a favor que não vou apoiar”, diz Neuzeli.
A professora aposentada, Telma, diz estar pensando em se tornar doadora. “Vim participar da conscientização. Conheci pessoas que precisaram de transplante de rim. Eu estou pensando ainda, acho que ainda tem tempo”.
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