Caravana põe fim a viagens frustradas e prevê 17 mil cirurgias só na Capital
A etapa de Campo Grande tem investimento de R$ 19 milhões
“O que magoa mais a gente não é esperar porque não tem médico, é a sacanagem. Você espera um ano e um dia te ligam. Você prepara tudo, arruma as suas coisinhas e quando chega no lugar falam que o equipamento quebrou. Você pergunta quando vai poder fazer então e respondem que não tem data”.
O relato de Getúlio Souza, 71 anos, retrata uma viagem frustrada de Miranda a Campo Grande em busca de cirurgia oftalmológica. A voz embargada revela que lágrimas enchem os olhos por trás dos óculos de proteção. Mas a cirurgia, que foi feita ontem na Caravana da Saúde, pôs fim a quatro anos de espera e trouxe novo ânimo.
“Vou dançar chamamé e polca paraguaia”, conta Getúlio. Os planos ainda incluem pular da cama cedo para “destravar”, pois a dificuldade imposta pela catarata limitava os passos, e viajar de motocicleta com a esposa, que também fez cirurgia oftalmológica na caravana. Juntos há 50 anos, o casal trocou Miranda pela Capital para tratamento médico. “Vou começar de novo”, diz Getúlio.
Na 11ª edição, a inciativa para zerar a fila por cirurgias eletivas teve o primeiro “Dia D” neste sábado na Capital. Nas primeiras horas, foram 16.280 pessoas credenciadas para atendimento no Centro de Convenções Albano Franco. De acordo com o secretário estadual de Saúde, Nelson Tavares, no fim da manhã o número era de 20 mil pessoas. A previsão é realizar 2.100 consultas com médicos especialistas hoje.
Na oftalmologia, com atendimento oferecido nas carretas, a expectativa é realizar 12 mil cirurgias e 35 mil consultas até o término da ação, que será finalizada em 29 de maio. Também estão previstas quatro mil cirurgias eletivas em hospitais.
A partir de quarta-feira (dia 18), devem começar os exames de colonoscopia, cirurgia vascular e eletroneuromiografia (procedimento que avalia a função do sistema nervoso periférico e muscular). Serão 2.500 exames. “Estamos fechando o contrato para ver se vai ser em carretas ou contêineres”, afirma Tavares.
Conforme o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), a caravana já realizou 29 mil cirurgias em um ano e nesta etapa serão mais 17 mil procedimentos cirúrgicos. Ele comparou que o governo anterior realizava média de 1.200 cirurgias eletivas por ano. A etapa de Campo Grande tem investimento de R$ 19 milhões.
Segundo o secretário municipal de Saúde, Ivandro Fonseca, a meta é zerar a fila de espera. Ele afirma que são 10.800 pacientes esperando consulta, 7.700 pessoas aguardando exame e 3.700 à espera de cirurgia eletiva. “Falamos que a realidade de Campo Grande era diferente, que precisava atender a demanda reprimida”, diz.
Com atuação na área de saúde, a promotora Filomena Aparecida Depólito Fluminhan avalia a caravana como positiva. “Muito embora Campo Grande necessite de muitos serviços, entendemos que a proposta vai ter impacto positivo muito grande nas demandas da saúde. Não se limita ao atendimento ambulatorial e nem oftalmologia”, afirma.
Saúde, diversão e serviços – A caravana oferece serviços como Justiça Itinerante; exposição de materiais do Corpo de Bombeiros, com direito a duas estrelas caninas que atraem fotos e mimos; estande da Policia Civil; atendimento odontológico; consulta nas especialidades de dermatologia, odontologia, ortopedia, neurologia, cardiologia e otorrinolaringologia; e lazer.
No ônibus da Justiça Itinerante, o atendimento no começo do sábado foi diferente da intensa procura nas caravanas realizadas no interior. “Foram três casamentos. A procura é menor porque não tem demanda reprimida. São dois ônibus que fazem atendimento diariamente em Campo Grande. Isso mostra que o trabalho deu resultado”, afirma o juiz Cezar Miozzo.
Até o dia 29, a caravana terá outros dois fins de semana com atendimento especial. Esta edição atende os municípios da microrregião de Saúde liderada por Campo Grande e composta por Terenos, Sidrolândia, Nova Alvorada do Sul, Maracaju, Ribas do Rio Pardo, Jaraguari, Rochedo, Corguinho, Bandeirantes, Camapuã, São Gabriel do Oeste, Rio Negro, Paraíso das Águas, Figueirão, Chapadão do Sul e Costa Rica.
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