Casas fechadas com foco de dengue viram armadilha para os vizinhos
Com a baixa no setor da construção civil em Campo Grande, é comum ver casas fechadas para vender ou alugar em alguns bairros. O problema é que muitas delas não passam por limpeza, e recipientes como: caixas d' água, vasos sanitários e calhas, viram depósito para a proliferação do mosquito que transmite a dengue.
O Bairro Água Limpa Parque, região norte de Campo Grande, por exemplo, foi criado há pouco mais de três anos e possui várias casas para vender ou alugar, em grande maioria, com piscinas. Por lá, os moradores temem a dengue, já que além das residências fechadas, existem terrenos baldios por todos os lados.
É o que conta o auxiliar administrativo Paulo Fernando da Silva, 30 anos. “Essa casa ao lado está há mais de dois anos sem ser ocupada. Esses dias ligamos para a prefeitura para retirar uma caixa cheia de água que estava destampada no quintal. Graças a Deus, na outra semana eles vieram e tiraram a caixa, mas enquanto ela ainda estiver fechada, continuaremos preocupados”, explicou.
O morador falou que a própria prefeitura notificou proprietários de terrenos, que estavam sujos, sob pena multa de R$ 2,5 mil, caso não limpassem as áreas. “Se você percorre o bairro vai ver que muitos terrenos foram limpos porque os donos ficaram com medo da multa. Mas ainda existem muitos que ainda continuam sem limpeza”, comentou.
O estudante Rafael Martins, 17 anos, mora no bairro há seis meses. Ele se preocupa com a quantidade de insetos que saem das casas fechadas e dos terrenos baldios. Nesse curto período que está no local, já viu até mesmo uma jibóia de dois metros passeando pelo rua.
“Uma mulher estava passando e viu o animal. Já pensou se a cobra entra em casa e come os meus animais de estimação. Já procuramos as imobiliárias para limparem os quintais das casas fechadas, mas até agora nada. Acredito que eles deveriam ser multados”, destacou Rafael.
A advogada Ana Carla Santana, 29 anos, também teme a aparição de insetos, já que tem um bebê de cinco meses em casa. Ela afirmou que os agentes de saúde não passam pelo bairro, porque ele ainda é muito novo. “Nunca vi ninguém deles passando por aqui. Estou preocupada e a gente fica sempre atento, com toda essa sujeira nas casas fechadas”, finalizou.
O presidente do Secovi/MS (Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul), Marcos Augusto Netto, informou que a entidade possui um convênio com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), onde fornece as chaves dos imóveis fechadas para limpeza. Desta forma, os agentes de endemias podem entrar nas residências e fazerem seu trabalho.
Mas, segundo ele, há mais de seis meses que o Secovi não é procurado para a entrega das chaves. “O convênio foi feito em acordo com as imobiliárias do Estado, os agentes vinham e pagavam cerca de 20 chaves, conforme o cronograma de suas atividades. Mas faz tempo que ninguém aparece para retirar essas chaves”, salientou.
O chefe do Setor de Controle de Vetores do CCEV (Coordenadoria de Controle de Endemias Vetoriais), Alcides Ferreira, disse que a estratégia de visitar os imóveis em parceria com o Secovi, pegando as chaves, será reorganizada. Uma reunião com as imobiliárias será feita para adequar as visitas.
Conforme Alcides, o papel de fazer a limpeza nos imóveis é do proprietário ou da imobiliária responsável, mas mesmo assim a coordendoria auxilia neste processo. “Quando tem telefone na casa, ligamos para o proprietário e pedimos para fazer a limpeza”, finalizou.
O vídeo abaixo mostra um recipiente com água no quintal de uma casa fechada com larvas do mosquito aëdes aegypti, que transmite a doença. Veja as imagens: