"Chefão" do Tijuca é absolvido de homicídio, mas condenado por tráfico de drogas
Tiago Paixão Almeida sentou no banco dos réus nesta quarta-feira ao lado do "funcionário" Marcelo Rodolfo
Conhecido como Boy e já condenado a 18 anos por tráfico de drogas, Tiago Paixão de Almeida, apontado como “chefão” do Tijuca, sentou no banco dos réus da 2ª Vara do Tribunal do Júri nesta quarta-feira (7), acusado de envolvimento no assassinato de Luiz Felipe da Silva, ao lado de seu “funcionário” Marcelo Rodolfo das Neves Oliveira. O crime aconteceu em março de 2021, no Jardim Tijuca, em Campo Grande.
Segundo a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), Paixão, Marcelo e outros três homens identificados como Thiago da Silva Gomes, Fabiano Saraiva e Caio Cesar Oliveira da Silva, teriam participado do crime. Luiz Felipe foi morto a tiros e outros dois rapazes também foram atingidos pelos disparos no dia 31 de março daquele ano, na Rua Antônio Meirelles Assunção.
Boy foi apontado como o mandante do crime. Marcelo teria intermediado a ação entre Paixão e os executores Caio e Fabiano. Já Thiago Gomes trabalhava com o “intermediário”, entregou o veículo usado no homicídio e depois chamou carro de aplicativo para a fuga.
A denúncia também apontou que Marcelo, Paixão e Thiago Gomes estariam envolvidos ainda no crime de tráfico de drogas. Boy seria o chefe e os outros dois trabalhavam para ele na venda de entorpecentes. Eles foram denunciados ainda por associação criminosa e por ocultação da arma de fogo.
Caio morreu durante o processo em decorrência de um câncer em setembro de 2021. Thiago Gomes e Fabiano passaram pelo julgamento no dia 31 de maio deste ano. Na ocasião, foram condenados a 9 anos e 30 anos e 11 meses, respectivamente, por homicídio qualificado, duas tentativas de homicídio, associação criminosa e porte ilegal de arma de fogo. Ambos em regime fechado.
Paixão e Marcelo foram julgados nesta quarta. Na ocasião, o Conselho de Sentença decidiu por absolver os dois das acusações de homicídio qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa e ambos receberam a condenação de 8 anos e 600 dias de multa, em regime fechado, pelo tráfico de drogas. A decisão é assinada pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos.
Apesar de já acumular outra condenação por tráfico, Tiago está em prisão domiciliar por conta de uma infecção que teve em seu globo ocular. Segundo o advogado de Paixão, José Roberto da Rosa, ele permanecerá no regime, que corresponde ao fechado, até terminar o tratamento médico por conta do risco de morte. A defesa ainda avalia se recorrerá da sentença.
Histórico - Luiz Felipe foi morto depois de pelo menos 20 disparos efetuados por uma dupla que chegou em um carro, Fiat Uno. A vítima estava sentada na varanda da residência, que segundo testemunhas, era alugada por ela para a venda de drogas. Dois adolescentes de 15 anos, que estavam com a vítima no momento do crime, contaram à polícia que conseguiram correr e se esconder, no momento em que os assassinos davam um “confere” para ver se o rapaz estava morto.
Ainda segundo o relato dos adolescentes, Luiz Felipe estaria comprando drogas de outros fornecedores, o que era proibido pelo Chefão do bairro. Um dos jovens ainda chegou a relatar que em outro momento já havia sido avisado por Thiago Paixão que não era para vender drogas no local e que para matar quem desobedece não custa nem uma caixa de cerveja.
Na época, Luiz Felipe ficou conhecido por uma situação inusitada. Ele se "arrependeu" de ter furtado televisão de 43" e teve de comprar outra, de R$ 2 mil. O rapaz foi identificado por vítimas depois de invadir três casas e indiciado pela 6ª Delegacia.
Os crimes ocorreram em fevereiro nos bairros Ramez Tebet e Nova Lima, mas como o suspeito morava na região do Tijuca, a investigação foi feita pela 6ª Delegacia de Polícia. A polícia conseguiu reaver notebook, dois televisores e um micro-ondas, mas faltava ser devolvido um terceiro televisor. O aparelho tinha sido danificado, e então Luiz comprou uma TV nova e entregou à delegacia.