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Capital

Cidade vertical é mais barata e segura, defende "dona" de 100 torres na Capital

Superintendente da Plaenge, construtora que ergue prédios há 35 anos na Capital, elenca prós de verticalizar

Por Anahi Zurutuza | 20/01/2024 08:15
Prédios rasgam o céu de Campo Grande, que tinha 911 torres em 2019, conforme levantamento da UFMS (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)
Prédios rasgam o céu de Campo Grande, que tinha 911 torres em 2019, conforme levantamento da UFMS (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)

A chegada de prédios gera certo incômodo em quem estava acostumado à cidade de ruas largas e vocação horizontal. O avanço da verticalização também preocupa algumas pessoas. Mas é caminho sem volta e traz mais benefícios coletivos do que problemas. Palavra de quem já ergueu quase 100 torres em Campo Grande.

A cidade vertical é mais barata e segura, explica a engenheira civil e superintendente regional da Plaenge, Valéria Gabas. No raciocínio da representante da construtora que chegou à Capital há 35 anos, baseado no que se estuda em urbanismo, verticalizar otimiza gastos da administração municipal, afinal, várias famílias utilizarão a mesma rede de abastecimento de água e luz, as mesmas ruas e os serviços como o transporte público e a coleta de lixo. “Sobra para investir em outras áreas, como saúde e educação. Não é? Existem vários estudos que mostram que adensar é bom, que uma cidade que não for se adensando, pode vir a ter problemas”.

Estão na lista de reclamações de quem construiu há décadas em bairros como Chácara Cachoeira e Vilas Boas, a desvalorização dos imóveis residenciais por causa da perda de privacidade, sombra nos quintais e aumento do tráfego de veículos. A superintendente rebate, explicando que depende do ponto de vista.

Se você ocupar os terrenos vazios que já existem, você consegue adensar a cidade e ela se torna mais inteligente. As pessoas conseguem fazer o ir e vir das pequenas coisas – a escola, o supermercado – a pé ou sem se deslocar tanto. Por isso, a gente entende que melhora a mobilidade e a cidade ganha em termos de sustentabilidade”, exemplifica Valéria Gabas.

Valéria Gabas, superintendente regional da Plaenge, durante entrevista (Foto: Alex Machado)
Valéria Gabas, superintendente regional da Plaenge, durante entrevista (Foto: Alex Machado)

Ainda sobre o trânsito, a Plaenge já deu exemplos do contrário. A legislação municipal obriga que as construtoras estudem o impacto da chegada de um condomínio vertical para a vizinhança e ainda faça compensações, como é o caso do viaduto de R$ 25 milhões que será construído pela gigante do mercado imobiliário na região da Uniderp Agrárias.

“Às vezes as pessoas num primeiro momento têm a percepção de que vai piorar muito, mas a legislação de Campo Grande é bem exigente”, explica Valéria, lembrando que semáforos e alterações viárias necessárias são custeadas pelo empreendimento, sempre que o poder público impõe a condição.

Maquete de viaduto que será construído no macroanel, próximo à Uniderp Agrárias (Foto: Alex Machado)
Maquete de viaduto que será construído no macroanel, próximo à Uniderp Agrárias (Foto: Alex Machado)

Por outro lado, a construção de prédios resolve dois dos principais problemas para a coletividade: a ocupação de vazios urbanos e a segurança. “A gente acaba melhorando em torno, não é? Imagina que a hora que a gente inaugura um empreendimento, são dezenas de novas famílias morando. Então, as portarias, a entrada e a saída das pessoas, o aumento da circulação melhora a sensação de segurança”.

Outra amostra que a chegada de prédios beneficiou região da cidade coletivamente está no Jardim Bela Vista, outro bairro nobre da Capital. Por lá, alameda construída pela Plaenge, justamente para solucionar a questão do fluxo de entrada e saída de veículos nos residenciais Reserva Bela Vista e Rioja, mudou a cara da Rua Nova Era, atrás da unidade matriz da Uniderp. O espaço iluminado, com chafarizes, bancos e palmeiras imperiais, virou espaço de convivência, principalmente para os moradores dos prédios, mas também para qualquer um que frequente a região, antes tomada por terrenos baldios.

Mais um ponto positivo apontado por Valéria Gabas é a atração de empresas para a região onde edifícios são instalados, beneficiando quem já vivia no bairro e gerando empregos, como também aconteceu no Bela Vista, bairro que ganhou supermercado gigante, para atender aos moradores das novas torres.

Os alagamentos também são apontados como problema herdado da verticalização. A engenheira explica que, na verdade, os condomínios verticais podem ajudar a cidade na contenção das enchentes, porque as construções têm por obrigação prever bacias de contenção das águas das chuvas nos projetos. “É como se você tivesse uma piscina enterrada no terreno que retém a água e despeja na rede de drenagem aos poucos, muito lentamente”.

Maquetes de torres à venda no decorado da Plaenge em Campo Grande (Foto: Alex Machado)
Maquetes de torres à venda no decorado da Plaenge em Campo Grande (Foto: Alex Machado)

A Plaenge chegou a Campo Grande em 1988 e já construiu 99 prédios na cidade. Além disso, entregou mais recentemente dois loteamentos de alto padrão. São 7,7 mil apartamentos, salas comerciais e lotes, onde vivem aproximadamente 23 mil pessoas e que geraram para os cofres públicos R$ 585 milhões em impostos.

A empresa tem hoje 1,1 mil funcionários e gera cerca de 3,1 mil empregos indiretos.

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