Cirurgia em Rubens é marco para procedimento de lábio leporino em MS
O pequeno Rubens Paiva da Silva, de 9 anos, passou durante a tarde de terça-feira (27) pela primeira cirurgia de enxerto ósseo em Mato Grosso do Sul em paciente com fissura lábio palatina, doença popularmente conhecida como lábio leporino.
A cirurgia, que para o garoto representa mais uma importante etapa no tratamento que ele recebe desde os 4 meses de vida, é também um marco para o procedimento, até então, só feito no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP (Universidade de São Paulo), em Bauru (SP), referência do tratamento no Brasil.
Foi de alívio o sentimento da avó do garoto, a aposentada rural Rafaela Paiva Caetano, de 62 anos, enquanto aguardava o fim do procedimento no Hospital São Julião, na Capital. “Ele não conseguia mamar, chorava muito. Até para fazer uma avaliação temos que ir para São Paulo”, comenta Rafaela que mora com o neto em um assentamento na cidade de Anastácio.
Segundo ela sempre foi um sonho do neto “ser bonitinho”, “sem defeito”. “Ele diz que quer ser bonitinho, sem defeito nenhum e ficar com a boca normal”, disse.
Procedimento – A cirurgia pioneira por qual Rubens passou faz parte de uma parceria entre o Governo de Mato Grosso do Sul e a Funcraf (Fundação para o Estudo e Tratamento das Deformidades Crânio-Faciais), que pretende realizar em Campo Grande todas as cirurgias que os pacientes com essas más-formações precisam ser submetidos.
Até então desde avaliações simples e cirurgias de fechamento do palato, do lábio, enxerto ósseo e cirurgia plástica são realizadas em São Paulo. “Conseguimos uma equipe médica que se dispôs a fazer as cirurgias e nessa primeira experiência vamos avaliar os custos e todos os outros procedimentos envolvidos nesse modelo”, explicou o diretor administrativo do Hospital São Julião, Hamilton Alvarenga Hamilton.
A SES (Secretaria de Estado de Saúde) ainda não definiu como acontecerá a parceria entre Funcraf e o Hospital São Julião. A previsão é de que até dezembro sejam resolvidos os entraves burocráticos, como a habilitação formal do hospital para a realização deste tipo de procedimento.
“Pacientes que antes precisavam se deslocar até Bauru, agora poderão ser atendidos aqui, um conforto bem maior para todos”, conclui.
Fila de espera – Conforme a Funcraf, contabilizando somente pacientes de Mato Grosso do Sul, a fila para o procedimento de enxerto ósseo no centro de referência em Bauru, chega a aproximadamente 80 pessoas e a espera pode ultrapassar dois anos.
Com o acordo firmado e o início das cirurgias em Campo Grande, o Estado deverá reduzir os gastos com o TFD (Tratamento Fora de Domicílio) benefício que é concedido aos usuários do SUS que precisam se deslocar para fora da cidade.