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Capital

Clientes levam marmita e até violão para horas na fila da gasolina

Esperar nas filas dos postos de gasolina já virou até programa de família e clientes até fazem novos amigos

Izabela Sanchez e Mirian Machado | 27/05/2018 14:30
Matheus tocava violão com o pai que é músico enquanto esperava na fila (Paulo Francis)
Matheus tocava violão com o pai que é músico enquanto esperava na fila (Paulo Francis)

Esperar na fila dos postos de combustíveis em Campo Grande foi o programa de muitos neste fim de semana. Onde havia abastecimento, ou a notícia dele, rapidamente o congestionamento de veículos se formava. Na Avenida Guaicurus, por exemplo, há dois postos em um intervalo curto e ambos tinham filas de dobrar quarteirão.  Com as filas enormes, clientes levam a família e até fazem amigos em meio à espera. Neste domingo (27), teve gente que almoçou aguardava a vez e até quem levou violão para passar o tempo embalado por música.

No posto Shell da Avenida Nelly Martins, a gasolina comum é vendida por R$4,04. Veio gente de toda canto da cidade para abastecer. Esperando na sombra, três homens fizeram amizade e até prometeram trocar contatos de Whatsapp. A fila ali, no entanto, está correndo rapidamente. O caminhão chegou para abastecer escoltado pelo exército.

Marco Vinicius é produtor de hortifrúti e um dos três “amigos da fila”. Ele vive no Caiobá e deixou dois carros desabastecidos na garagem. O carro que usa para trabalhar, ainda assim, não podia esperar. Para ele, ficar na fila virou “programa de domingo”.

 

Na Avenida Guaicurus, Posto Seara registra fila enorme na tarde deste domingo (27) (Direto das Ruas)
Na Avenida Guaicurus, Posto Seara registra fila enorme na tarde deste domingo (27) (Direto das Ruas)

O outro amigo vive no bairro Tiradentes. Mário César Silva de Souza, mecânico de motos, chegou a ficar das 7h às 11h numa espera frustrada em um posto da Avenida Três Barras, mas não conseguiu abastecer.

“A funcionária falou que estava chegando outra carreta, mas uma mulher indicou o posto. Cheguei e fiquei um tempo esperando”, contou ele, que logo achou umas pedras na sombra para sentar. No sábado Mário ficou duas horas em um posto próximo ao Museu José Antônio Pereira, na Avenida Guaicurus, mas não conseguiu abastecer.

Do bairro Estrela D'alva, Assis Vieira Candido é marceneiro e fez amizade na sombra. No sábado ele tentou abastecer mas depois de três horas e meia, deixou um posto próximo à saída de Cuiabá sem conseguir o combustível.

Teve quem também ficou “alternando” entre dois locais. Renan Algusto Vieira estava com a esposa e a filha de três anos em uma igreja próxima ao posto. A família foi em dois carros e um ficou aguardando na fila. Na hora do almoço, a esposa não aguentou a fome e abriu uma marmita ali mesmo. Eles vieram do bairro Rita Vieira.

Família levou galão, mas também Tereré pra sobreviver ao calor da fila (Paulo Francis)
Família levou galão, mas também Tereré pra sobreviver ao calor da fila (Paulo Francis)

Emilly Rezende Rodrigues, estudante, levou toda a família e até tereré para aguentar o calor. Preparados, foram em um carro e duas motocicletas. Antes de encontrar o posto, já haviam passado por outros locais sem conseguir abastecer.

“Já é um programa de família, viemos preparados com tereré porque sabíamos que o calor estava demais”, comentou.

Teve até quem levou um pouco de entretenimento para a fila. O músico Luiz Fernando Vilar, 46, aproveitou para ensinar o filho Matheus Vilar, 15, que dedilhava o violão enquanto esperava junto com o pai.

Após três dias, os motoristas de aplicativos de transporte desbloquearam a central de distribuição Raízen Combustíveis e Petrobras em Campo Grande. A desobstrução começou na noite de sábado (26) e desde então postos da Capital tem retomado o abastecimento. As notícias de que a gasolina voltou provocaram uma corrida em busca do combustível.

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