ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JULHO, TERÇA  16    CAMPO GRANDE 23º

Capital

Com alta em casos de raiva, CCZ luta por laboratório para fazer testes

Doença causa inflamação no cérebro e pode levar à morte pessoas, cães e gatos

Caroline Maldonado | 08/09/2023 14:37
Morcego encontrado em condomínio do Bairro Monte Castelo em 2015 (Foto: Arquivo/Marcelo Calazans)
Morcego encontrado em condomínio do Bairro Monte Castelo em 2015 (Foto: Arquivo/Marcelo Calazans)

Todos os cães e gatos em um raio de cinco quilômetros precisam passar por exames quando é encontrado um morcego com raiva na cidade. A preocupação em Campo Grande é que o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) não tem um laboratório e os poucos testes realizados, com urgência, são feitos por meio de parceria com a Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul), conforme a coordenadora do CCZ, veterinária Cláudia Granja Macedo Mota Ferreira.

São necessários R$ 793 mil para montar um laboratório no CCZ, de acordo com a estimativa do órgão. A situação é preocupante porque a doença pode matar e o número de morcegos encontrados com raiva vem crescendo a cada ano.

Aumento - Em 2021, foram quatro registros; em 2022, foram seis; e até agosto de 2023 foram identificados sete morcegos com raiva, do total de 587 recolhidos até o momento na Capital.

O número parece pequeno, mas sem uma estrutura considerada adequada, o temor é de que existam muitos outros mamíferos voadores com a doença e ainda cães e gatos infectados nas proximidades. A raiva é uma doença que causa inflamação no cérebro e leva à morte, na maioria dos casos. Os médicos precisam induzir o paciente ao coma como parte do tratamento e poucas pessoas conseguem sobreviver.

O CCZ já tem servidores capacitados para trabalhar em um laboratório de diagnósticos, mas busca junto a parlamentares municipais, estaduais e federais os recursos para viabilizar o projeto.

“Teríamos mais autonomia para diagnosticar não só a raiva, mas também outras zoonoses que podem chegar a Campo Grande. Temos visto o crescimento da influenza aviária, leishmaniose, esporotricose, entre outras, que oferecem risco a seres humanos e animais”, destaca Cláudia.

Cão sendo vacinado por servidor da Prefeitura Municipal de Campo Grande. (Foto: Divulgação/PMCG)
Cão sendo vacinado por servidor da Prefeitura Municipal de Campo Grande. (Foto: Divulgação/PMCG)

Recurso - Na Câmara Municipal, o vereador Roberto Santana, o “Betinho” (Republicanos), anunciou que pretende fazer emenda para tentar inserir o projeto de construção do laboratório no orçamento da prefeitura para 2024, que deve chegar a R$ 6,4 bilhões com crescimento de 17,2%, em relação ao de 2022.

O projeto da LOA (Lei Orçamentária Anual) foi enviado pela prefeita Adriane Lopes (PP) à Câmara na quinta-feira (31) da semana passada e agora os parlamentares trabalham na elaboração das emendas. “Vamos discutir a viabilidade de incluir esse projeto na Lei Orçamentária Anual, assim como também vamos acionar nossa bancada federal em busca de emendas. Sou parceiro nessa luta”, disse o vereador Betinho.

A Prefeitura de Campo Grande informou que "os recursos para implementação do projeto estão sendo captados e, tão logo haja disponibilidade financeira para tanto, será feita a implantação no órgão. Não há um prazo definido".  O projeto é para criar um laboratório de biologia molecular para diagnosticar raiva e outras "zoonoses que venham a emergir".

Casos - Na área rural, bois, cavalos, porcos, cabras e outros animais podem ser infectados. Raposas, guaxinins e primatas também pegam e transmitem a doença. O último caso de raiva humana ocorreu em 1968. Já em cães e gatos, houve um surto em 1988. Após 23 anos, em 2011, a cidade teve um caso de raiva canina.

Sintomas em humanos - Ocorre transformação de caráter, inquietação, perturbação do sono, sonhos tenebrosos, alterações na sensibilidade, queimação, formigamento e dor no local da mordedura. Depois de quatro dias infectada, a pessoa pode ter alucinações, febre; além de medo de correntes de ar e de água e crises convulsivas periódicas.

O que fazer - Quando mordida por um animal, mesmo que seja vacinado para raiva, a pessoa deve lavar imediatamente o ferimento com água e sabão e procurar com urgência o serviço de saúde mais próximo.

O Ministério da Saúde orienta que não se deve matar o animal e sim deixá-lo em observação durante 10 dias para que se possa identificar qualquer sinal indicativo da raiva. O animal deve receber água e alimentação normalmente, num local seguro, para que não possa fugir ou atacar outras pessoas ou animais.

Sempre que um animal apresentar comportamento diferente, mesmo que ele não tenha agredido ninguém, é importante informar ao CCZ.

Os morcegos encontrados nas casas devem ser isolados com um pano, balde ou caixa e levados ao centro de zoonozes, vivos ou mortos.

Sintomas em animais - Os bichos apresentam dificuldade para engolir, salivação abundante, mudança de comportamento, mudança de hábitos alimentares e paralisia das patas traseiras.

Em cães, o latido fica diferente do normal, parecendo um “uivo rouco”. Morcegos infectados mudam o hábito noturno e podem ser encontrados durante o dia.

Para prevenir a raiva, é preciso levar cães a gatos para serem vacinados anualmente.

A reportagem solicitou à Prefeitura de Campo Grande uma resposta para os questionamentos levantados e informações sobre a previsão de criar um local para exames de animais no CCZ. Não houve resposta até o momento. O espaço segue aberto.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.

Nos siga no Google Notícias