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Capital

Com alta em casos de raiva, CCZ luta por laboratório para fazer testes

Doença causa inflamação no cérebro e pode levar à morte pessoas, cães e gatos

Caroline Maldonado | 08/09/2023 14:37
Morcego encontrado em condomínio do Bairro Monte Castelo em 2015 (Foto: Arquivo/Marcelo Calazans)
Morcego encontrado em condomínio do Bairro Monte Castelo em 2015 (Foto: Arquivo/Marcelo Calazans)

Todos os cães e gatos em um raio de cinco quilômetros precisam passar por exames quando é encontrado um morcego com raiva na cidade. A preocupação em Campo Grande é que o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) não tem um laboratório e os poucos testes realizados, com urgência, são feitos por meio de parceria com a Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul), conforme a coordenadora do CCZ, veterinária Cláudia Granja Macedo Mota Ferreira.

São necessários R$ 793 mil para montar um laboratório no CCZ, de acordo com a estimativa do órgão. A situação é preocupante porque a doença pode matar e o número de morcegos encontrados com raiva vem crescendo a cada ano.

Aumento - Em 2021, foram quatro registros; em 2022, foram seis; e até agosto de 2023 foram identificados sete morcegos com raiva, do total de 587 recolhidos até o momento na Capital.

O número parece pequeno, mas sem uma estrutura considerada adequada, o temor é de que existam muitos outros mamíferos voadores com a doença e ainda cães e gatos infectados nas proximidades. A raiva é uma doença que causa inflamação no cérebro e leva à morte, na maioria dos casos. Os médicos precisam induzir o paciente ao coma como parte do tratamento e poucas pessoas conseguem sobreviver.

O CCZ já tem servidores capacitados para trabalhar em um laboratório de diagnósticos, mas busca junto a parlamentares municipais, estaduais e federais os recursos para viabilizar o projeto.

“Teríamos mais autonomia para diagnosticar não só a raiva, mas também outras zoonoses que podem chegar a Campo Grande. Temos visto o crescimento da influenza aviária, leishmaniose, esporotricose, entre outras, que oferecem risco a seres humanos e animais”, destaca Cláudia.

Cão sendo vacinado por servidor da Prefeitura Municipal de Campo Grande. (Foto: Divulgação/PMCG)
Cão sendo vacinado por servidor da Prefeitura Municipal de Campo Grande. (Foto: Divulgação/PMCG)

Recurso - Na Câmara Municipal, o vereador Roberto Santana, o “Betinho” (Republicanos), anunciou que pretende fazer emenda para tentar inserir o projeto de construção do laboratório no orçamento da prefeitura para 2024, que deve chegar a R$ 6,4 bilhões com crescimento de 17,2%, em relação ao de 2022.

O projeto da LOA (Lei Orçamentária Anual) foi enviado pela prefeita Adriane Lopes (PP) à Câmara na quinta-feira (31) da semana passada e agora os parlamentares trabalham na elaboração das emendas. “Vamos discutir a viabilidade de incluir esse projeto na Lei Orçamentária Anual, assim como também vamos acionar nossa bancada federal em busca de emendas. Sou parceiro nessa luta”, disse o vereador Betinho.

A Prefeitura de Campo Grande informou que "os recursos para implementação do projeto estão sendo captados e, tão logo haja disponibilidade financeira para tanto, será feita a implantação no órgão. Não há um prazo definido".  O projeto é para criar um laboratório de biologia molecular para diagnosticar raiva e outras "zoonoses que venham a emergir".

Casos - Na área rural, bois, cavalos, porcos, cabras e outros animais podem ser infectados. Raposas, guaxinins e primatas também pegam e transmitem a doença. O último caso de raiva humana ocorreu em 1968. Já em cães e gatos, houve um surto em 1988. Após 23 anos, em 2011, a cidade teve um caso de raiva canina.

Sintomas em humanos - Ocorre transformação de caráter, inquietação, perturbação do sono, sonhos tenebrosos, alterações na sensibilidade, queimação, formigamento e dor no local da mordedura. Depois de quatro dias infectada, a pessoa pode ter alucinações, febre; além de medo de correntes de ar e de água e crises convulsivas periódicas.

O que fazer - Quando mordida por um animal, mesmo que seja vacinado para raiva, a pessoa deve lavar imediatamente o ferimento com água e sabão e procurar com urgência o serviço de saúde mais próximo.

O Ministério da Saúde orienta que não se deve matar o animal e sim deixá-lo em observação durante 10 dias para que se possa identificar qualquer sinal indicativo da raiva. O animal deve receber água e alimentação normalmente, num local seguro, para que não possa fugir ou atacar outras pessoas ou animais.

Sempre que um animal apresentar comportamento diferente, mesmo que ele não tenha agredido ninguém, é importante informar ao CCZ.

Os morcegos encontrados nas casas devem ser isolados com um pano, balde ou caixa e levados ao centro de zoonozes, vivos ou mortos.

Sintomas em animais - Os bichos apresentam dificuldade para engolir, salivação abundante, mudança de comportamento, mudança de hábitos alimentares e paralisia das patas traseiras.

Em cães, o latido fica diferente do normal, parecendo um “uivo rouco”. Morcegos infectados mudam o hábito noturno e podem ser encontrados durante o dia.

Para prevenir a raiva, é preciso levar cães a gatos para serem vacinados anualmente.

A reportagem solicitou à Prefeitura de Campo Grande uma resposta para os questionamentos levantados e informações sobre a previsão de criar um local para exames de animais no CCZ. Não houve resposta até o momento. O espaço segue aberto.

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