Com cartazes e bandeiras, manifestantes fazem ato solidário ao povo palestino
Cerca de 100 pessoas se reuniram na tarde desta sexta-feira, na Praça Ary Coelho, em Campo Grande
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Com cartazes e bandeiras, cerca de 100 pessoas se reuniram na tarde desta sexta-feira (20), na Praça Ary Coelho, em Campo Grande, para pedir a liberdade da Palestina e solidarizar com as vítimas do conflito entre o grupo Hamas e o Exército de Israel. Entre os manifestantes, estiveram presentes palestinos, descendentes de países árabes e apoiadores da causa.
Uma das manifestante é a diretora da Fepal (Federação Arabe-Palestina do Brasil) em Campo Grande, Ashjan Sadique Adi, de 39 anos. Ela reside em Campo Grande, mas é nascida em Corumbá, a 419 km da Capital.
Apesar de ter nascido no Brasil, Ashjan tem sua história familiar entrelaçada com os conflitos. "Sou filha de pai e mãe palestinos, residentes em Corumbá. O meu pai chegou aqui em 1968. A minha mãe chegou em 1972 e o meu avô chegou em 1955. Isso foi sete anos após 1948, sete anos após a nossa nakba, a nossa catástrofe com a autoproclamação do Estado de Israel na Palestina histórica", disse durante discurso.
Ashjan explicou que a "nakba" é um termo usado para descrever o evento histórico que envolveu a expulsão de cerca de 700 mil palestinos de suas terras em 1948. "Na nossa nakba, o nosso holocausto palestino que ninguém fala, tivemos 700 mil palestinos expulsos das suas terras, com a sua própria roupa do corpo, levando o que podiam. Israel chegou e falou: 'Agora essa terra é nossa. Essa casa é nossa'. Nos expulsaram e essa é a nossa nakba", detalhou.
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Durante o protesto, a diretora da Fepal também descreveu as condições na Faixa de Gaza, onde 2 milhões e 200 mil pessoas vivem em uma área de 41 km de comprimento e 10 km de largura. "É uma prisão. É a maior prisão do mundo. Lá, 90% da água é imprópria para consumo e tem apenas 6 horas de energia por dia. Israel controla tudo o que entra e sai, sejam pessoas, alimentos, medicamentos, médicos, materiais de construção, brinquedos e temperos", explicou.
Ela concluiu enfatizando a necessidade de aumentar a conscientização sobre a situação na Palestina e de dar voz ao sofrimento contínuo do povo palestino. "Precisamos começar a enxergar o morticínio que é Gaza. É um campo de abate, um matadouro, um experimento social e genocida de Israel", afirmou.
Luta - Nascida em Betein Ramallah, cidade localizada na região central da Cisjordânia, Sondos Nassim Dhaher, de 20 anos, veio para o Brasil com três anos de idade. Durante o protesto, a jovem destacou a determinação do povo palestino em sua luta por justiça e liberdade.
"São mais de sete décadas de ocupação, de luta e de resistência. O povo da Palestina, de Gaza até a Cisjordânia, nunca desistiu da sua terra, dos seus direitos e do seu futuro. Hoje aqui, nós também não desistiremos deles. Estamos reafirmando o nosso apoio inquebrável à causa palestina", disse Sondos.
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Sondos também ressaltou a necessidade de chamar a atenção do mundo para a injustiça enfrentada pelo povo palestino. "Estamos dizendo ao mundo que a injustiça, a opressão e a violência não serão toleradas. Nosso compromisso com a causa palestina é inabalável. Não podemos fechar os olhos para o sofrimento e aspirações de um povo que enfrenta desafios indescritíveis todos os dias. "Eles são mais do que as estatísticas e notícias dizem. São famílias, pais, mães, filhos e crianças", destacou.
No discurso, a jovem palestina reforçou o apelo pelo fim da ocupação e a restituição dos direitos do povo palestino. "Hoje gritamos ao mundo que 75 anos é tempo demais. Exigimos o fim da ocupação do território e a restituição dos direitos ao povo palestino", enfatizou.
Dentre os participantes da manifestação, muitos viajaram de Corumbá até Campo Grande para se juntar ao protesto. Uma delas é Núbia Ragh Adiy, de 24 anos, que nasceu no Brasil, mas que tem raízes profundas com a Palestina.
"Meus avós nasceram na Palestina e vieram pro Brasil há muito tempo atrás. Eles vieram de navio e meus pais e eu nascemos no Brasil. Nós moramos em Corumbá, mas viemos para Campo Grande, para participar da manifestação", explica Núbia.
Ao Campo Grande News, Núbia destacou a dura realidade enfrentada pelo povo palestino durante décadas de ocupação israelense. "O povo palestino passa por essa ocupação de Israel há 76 anos. Com o que a ONU tinha decidido, Israel poderia chegar e tomar as terras do povo palestino, tirando o povo de suas casas, sem mais e nem menos. Foram tirados à força mesmo", explicou.
Questionada sobre a perspectiva de um acordo de paz, Núbia expressou sua preocupação devido ao longo histórico de conflitos e perdas. "Eu acho que é muito difícil ter um acordo, porque foram muitas mortes e isso gera uma mágoa eterna sobre o que aconteceu ao longo dos anos. É difícil de esquecer", finalizou.
Entenda - No dia 7 de outubro, o grupo palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza, lançou um ataque no território de Israel, que resultou em mais de 1.400 mortes e reféns capturados.
Em resposta, Israel realizou bombardeios que resultaram em mais de 4.000 mortes de civis palestinos. No dia 14 de outubro, Israel anunciou a iminência de uma ofensiva por via aérea, terrestre e marítima contra o território.
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