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Capital

Com filho autista, mãe acampa em agência: "vou ficar até devolverem o dinheiro"

Mulher fez empréstimo a ser pago em parcelas de R$ 416, mas teve todo dinheiro de benefício descontado

Dayene Paz e Bruna Marques | 18/11/2022 11:51



Há três meses com benefício suspenso por causa de um empréstimo consignado, a dona de casa Márcia Chaparro, de 51 anos, vive de idas e vindas a uma agência de Campo Grande para resolver a situação. Sem respostas, nesta sexta-feira (18), decidiu "acampar" no local com o filho autista. "Vou ficar até eles devolverem meu dinheiro", afirmou à reportagem.

Márcia tomou a atitude drástica porque diz não aguentar mais o descaso da agência Agibank, localizada na Avenida Bandeirantes. Ela contratou empréstimo de R$ 15 mil há três meses. "Eles foram nas casas e ofereceram o empréstimo. Eu aceitei, fui na agência e assinei um monte de papel", conta.

O contrato previa o pagamento em parcelas de R$ 416, descontadas do Loas, benefício assistencial pago pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que ela recebe por causa do filho. O rapaz, de 27 anos, é autista, surdo e tem dificuldade para se locomover pela falta de três vértebras.

Tudo assinado e certo até então, contudo, Márcia teve uma surpresa no primeiro mês de contrato ao consultar o pagamento do Loas, de R$ 1.212,00. Ela percebeu que o valor foi descontado integralmente. Ao contatar a agência, não teve respostas e até hoje não recebe mais o benefício. "Ligo no INSS e eles falam que o valor foi pago", comenta.

Entre idas e vindas à agência de empréstimo, sem resolver o problema, Márcia cansou. Foi até o local, onde chegou por volta das 8 horas desta sexta-feira, acompanhada do filho. "Não tenho com quem deixar e como faltam três vértebras da coluna, ele não consegue ficar muito tempo sentado, então deitei ele aqui no cobertor e travesseiro que eu trouxe", conta.

Márcia afirma que até o final da manhã, ninguém a atendeu. "Meu filho não fala, ele faz uns barulhos e uma das atendentes falou para que eu mandasse ele parar de gritar e se retirar porque estava atrapalhando o serviço dela. Não me deram bola, entrei, deitei meu filho, trouxe as coisas para ele comer e vou ficar até eles me devolveram meu dinheiro", diz.

A mulher afirma que não tem como trabalhar porque cuida do filho e, por esse motivo, precisa do Loas. "Meu filho usa fralda, não é tudo que ele come, o dinheiro que ele recebia não dava para as despesas. Tem três meses que estou me virando porque não posso trabalhar, tenho que cuidar dele, quero que alguém resolva esse problema", explica. "Na hora que eles querem fazer empréstimo, vão até na nossa casa, mas depois não dão assistência e ainda é um descaso das atendentes, uma falta de educação", completa.

A reportagem do Campo Grande News esteve na Agibank, mas as funcionárias afirmaram que não havia alguém responsável para falar com a imprensa no local. A equipe também contatou a agência por e-mail, mas não teve resposta até a publicação do material. O espaço está aberto para retorno.

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