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Capital

Com lucidez posta em xeque, Jamil Name tem mina de pedras preciosas em MG

“Falou coisas com as quais sonhava. Mina não existe", postou esposa Tereza Name

Aline dos Santos | 17/06/2021 13:57
Jamil Name (de agasalho) ao ser preso em setembro de 2019 na Omertà. (Foto: Valdenir Rezende/Correio do Estado)
Jamil Name (de agasalho) ao ser preso em setembro de 2019 na Omertà. (Foto: Valdenir Rezende/Correio do Estado)

Colocada em xeque por advogados e família, a lucidez de Jamil Name,  82 anos, preso na operação Omertà, tem respaldo em documentos da Receita Federal. No mês passado, antes de ser intubado com covid-19, ele afirmou a médicos peritos, durante avaliação de sanidade mental, ser dono de mina de ametistas, muito produtiva e que “acredita ter produzido um bilhão de reais”.

De fato, ele aparece como sócio de duas empresas de mineração. Localizada em chácara no município de Gouveia (Minas Gerais), a Mineração Franca foi criada em 27 de dezembro de 1994. A atividade principal é de extração de gemas (pedras preciosas e semipreciosas).

A empresa tem Jamil Name como sócio administrador e capital social de R$ 300 mil. Conforme consulta ao CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), a situação cadastral da mineradora é ativa.

A segunda empresa é a Mineração Farwell, com endereço no Bairro São Bento, em Campo Grande, e cadastrada para realizar serviço de beneficiamento de minério de metais preciosos. O capital social é de R$ 2 milhões, sendo Jamil Name o sócio administrador. A empresa também consta como ativa.

A operação Omertà também informa que Jamil Name é sócio da Mineração Farwell em Ariquemes, Rondônia. Empresa ativa e criada em 21 de agosto de 2009.

Consulta ao CNPJ mostra que Jamil Name é sócio administrador da Mineração Franca. (Foto: Reprodução)
Consulta ao CNPJ mostra que Jamil Name é sócio administrador da Mineração Franca. (Foto: Reprodução)

As declarações de Name, que ainda disse ter direito a receber a astronômica quantia de R$ 41 bilhões em precatórios, foram apontadas como exageros grosseiros quanto aos bens materiais pela defesa.

Esposa de Jamil Name, a ex-vereadora Tereza Name comentou em matéria do blog O Jacaré que nunca existiu mina e o esposo encontra-se senil.“Falou coisas com as quais sonhava. Mina não existe. Mandou ver uma, mas não tinha nada”, postou no Facebook, com o nome de Tereza Domingos.

Postagem de esposa de Jamil Name sobre declarações de preso. (Foto: Reprodução)
Postagem de esposa de Jamil Name sobre declarações de preso. (Foto: Reprodução)

O laudo, datado de 22 de maio e anexado na última sexta-feira (dia 11) a processo, narra que o exame durou seis horas (das 8h às 14h) e que Name sabia onde estava, que dia era e o motivo da sua prisão na operação Omertà.  O octagenário traçou um retrospecto de sua trajetória, que começou a fortuna anotando jogo do bicho e não quer se tachado de “louco” para ser solto.

Na área cognitiva, Jamil Name não apresenta alterações de senso-percepção (ilusões ou alucinações), atenção e formação de curso de pensamento (embora com período de tangenciamento de ideias). Com dificuldade de locomoção, não aceitava bengala, muleta ou cadeira de rodas.

O documento indica demência leve, mas inteiramente capaz de entender o caráter ilícito dos fatos, e que o raciocínio dele vem piorando nos dois anos de cárcere. Preso em setembro de 2019 na operação Omertà, Jamil Name é acusado de liderar organização criminosa.

Principal atividade da Mineração Franca é extração de gemas (pedras preciosas e semipreciosas. (Foto: Reprodução)
Principal atividade da Mineração Franca é extração de gemas (pedras preciosas e semipreciosas. (Foto: Reprodução)

Bloqueio – O advogado Rhiad Abdulahad afirma que pede à Justiça o bloqueio da área da mina de Minas Gerais no processo de indenização movido pelo  empresário José Carlos de Oliveira, que cobra R$ 5 milhões.

De acordo com ele, são seis lotes com valor de R$ 83 mil. “Provavelmente subavaliado”, diz Rhiad.

O Campo Grande News solicitou posicionamento da defesa de Jamil Name sobre as declarações e aguarda retorno. Na terça-feira, o advogado Thiago Bunning citou fabulações.

"Jamil Name foi diagnosticado com demência, tangenciamento de ideias, fabulações e exagero grosseiro quanto a bens materiais. Segundo os peritos oficiais foi constatada superveniência de doença mental e esse quadro teve início após a privação da liberdade. Portanto, a prisão causou a perda de suas funções cognitivas e por muito pouco não causou a sua morte".

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