Comentário sobre travestis foi estopim para assassinato de mulher no Caiobá
“Não sou um monstro, que todos pensam”, diz Genilson Silva de Jesus, 41 anos, que na noite de domingo (5), matou a mulher, Ramona Regilene Silva de Jesus, 44 anos, com 10 facadas, sendo nove na região do peito e uma nas costas.
O fato aconteceu na casa do casal, no residencial Celina Jallad, na Rua Rosa Ferreira Pedro, no Bairro Portal Caiobá, em Campo Grande. Após o crime, Genilson fugiu para a casa da irmã, no Bairro Danúbio Azul. Ele se entregou à polícia, na noite de terça-feira (6).
Segundo o homem, que vivia com a mulher há 5 anos, a briga começou após ele mexer com um grupo de travestis. O casal havia passado à tarde na casa de uma das irmãs da vítima e voltava para o residencial, quando Genilson avistou as travestis e comentou que elas eram mais bonitas que muitas mulheres.
Ramona não gostou do comentário. Os dois, então, passaram a discutir ainda na rua. A briga se estendeu até o residencial. “A gente tinha passado o dia consumindo bebida alcoólica. Em casa, ela começou a me ofender até que pegou uma faca e tentou me golpear”, contou Genilson durante coletiva de imprensa nesta manhã, na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).
Descontrolado, Genilson tomou a faca de Ramona e a matou com 10 golpes. “Ela era bipolar, ciumenta e possessiva. Não sou um mostro. Depositei todas as minhas esperanças nela. Tudo que tinha era dela”, diz o agressor ao lado dos advogados de defesa. Contudo, a Polícia Civil não acredita nesta versão do acusado.
Conforme a delegada Anne Karine Sanches, testemunhas relataram que Genilson continuou com as agressões, mesmo com a mulher caída ao chão. “As testemunhas afirmam que o autor quem era possessivo e ciumento. Inclusive, a mulher queria separar, mas ele não aceitava o fim”, explica. O relacionamento do casal era conturbado, marcado por idas e vindas.
Genilson vai responder por feminicídio, qualificado por motivo fútil. A discussão, segundo a autoridade policial, começou no quarto. A vítima estava em pé, quando recebeu as primeiras facadas.
No cômodo, ficaram marcas de sangue no chão e nas paredes. Depois de receber alguns golpes, Ramona ainda correu para frente da casa e atravessou a rua. Genilson foi atrás, deu uma rasteira na vítima e acabou de lhe matar na frente dos vizinhos.
Testemunhas ainda tentaram segurar o autor, que correu para uma área de mata atrás do bairro, chamou um Uber e fugiu para a casa da irmã. Revoltados, os vizinhos quebraram e atearam fogo no carro dele.
Genilson não tinha passagens por violência doméstica, apenas por ameaças a uma outra pessoa. De janeiro até agora, já foram registrados cinco feminicídios na cidade, sendo 7 tentativas. Em 2016, foram sete mortes.