Comerciantes sentem no bolso os reflexos da reforma de calçadas na Rui Barbosa
Expectativa é de que as interdições no local durem até o fim deste ano
A 2ª fase do programa Reviva Campo Grande, que teve inicio em no mês de maio, na região central de Campo Grande, seguem a todo vapor. As calçadas na Rui Barbosa na altura da Rua Barão de Melgaço e Avenida Afonso Pena estão em processo de reforma total. No local, um lado das calçadas e duas faixas de transito estão interditados.
O projeto prevê calçadas padronizadas, recapeamento do asfalto, bancos públicos, sistema de lixo, câmeras de segurança, conexão wi-fi gratuita, iluminação com lâmpadas de LED e semáforos inteligentes. Além disso, está planejada a arborização do local, bem como a redução de danos causados pela ação de chuva, por meio de novos meios-fios, sarjetas e bocas de lobo adicionais.
Apesar de toda a benfeitoria prevista, que será um atrativo para a população frequentar a região, muitos comerciantes estão amargando prejuízos com as interdições no período das obras.
Há 14 anos no local, a comerciante, Luzinete da Silva, 52, que possui uma loja de locação de roupas para festas, que sofreu com a paralisação do setor devido à pandemia e agora está se desdobrando para tocar o comércio mesmo com as obras e sem funcionária, depois que demitiu a única colaboradora que empregava. "Infelizmente, tive que demitir porque eu não estava mais conseguindo arcar com os compromissos, inclusive, paguei em algumas parcelas os direitos trabalhistas dela. A esperança é de que essa obra termine antes das festas", lamenta.
A vendedora Yasmim Vasconcelos Pinheiro, 20 anos, depende dos rendimentos da comissão para complementar o salário e, por isso, conta com o fluxo de pessoas passando no local. Com as obras e o público minguado, ela virou uma espécie de “serviços gerais” e passa a maior parte do tempo limpando o ambiente de trabalho. "Está bem complicado, porque se a gente não vende, não ganha comissão. Nem a divulgação com os panfletos estamos fazendo, pois não passa ninguém" diz a funcionária.
Há 3 anos no local, os proprietários de uma loja do setor de vestuário, Samia Yassin, 41, e Nasser Muhieddine, 41, estão desanimados com as baixas nas vendas por causa da obstrução parcial da via e, principalmente, a interrupção do transporte público. "Nosso movimento caiu cerca de 80% e não temos uma perspectiva futura, ainda mais porque o transporte público foi suspenso e dependemos da movimentação de pessoas que descem do ônibus para que vejam nossos produtos".
Ainda mais preocupada, Francisca Maria de Oliveira, 52 anos, a única funcionária que restou das três que havia desde a abertura da loja, conta com o término das obras para manter o emprego. "Espero que tudo volte ao normal logo para que eu possa ficar, afinal já estou com uma idade em que o mercado de trabalho não absorve tão fácil”.
A engenheira responsável pela execução da obra, Rosangela de Oliveira Nunes, explica que não há uma estimativa de término para cada trecho. Mas que o contrato prevê a execução de todos os serviços no período de 15 meses.
“As liberações são feitas conforme o avançar das obras, o trecho atual está na fase de demolição, depois entramos com a infraestrutura de T.I e por fim o calçamento. A primeira parte já foi concluída, até o final deste ano os serviços não vão estar 100% entregues, mas os acessos vão estar liberados”, confirma a responsável pelas obras.
No trecho da rua entre a Avenida Fernando Corrêa da Costa e a 26 de Agosto, o serviço está mais avançado e não há mais interdições para pedestres ou veículos.
O empresário Ronald Barbosa Dias, 43, que possui uma loja de suplemento na parte que foi liberada confirma os perrengues que enfrentou para não precisar fechar de vez as portas, “Ficamos 3 semanas completamente fechado e agora, nos últimos, foi liberado totalmente, dá pra perceber que o voltou aos poucos com mais pessoas transitando. A logística de obras foi mal planejada, o cliente até sabe que esse trecho está liberado, mas, o restante ainda é um transtorno, as pessoas não querem se deslocar”, opina o comerciante.
No total, serão 21 quilômetros revitalizados, envolvendo o quadrilátero que vai da Avenida Fernando Corrêa da Costa até a Avenida Mato Grosso, e da Avenida Calógeras até a Rua José Antônio, com algumas extensões, como a Dom Aquino, Marechal Rondon e Barão do Rio Branco, até a antiga rodoviária.