Corregedoria apura como marido soube de B.O logo após esposa denunciar violência
Advogadas de mulher procuraram a OAB, que acionou a Sejusp para investigar vazamento de denúncia de agressão
A Corregedoria-Geral da Polícia Civil vai investigar como empresário de 39 anos soube que a esposa havia o denunciado menos de uma hora depois dela procurar a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). De acordo com a Polícia Civil, “será instaurado o procedimento administrativo para apuração do vazamento” de boletim de ocorrência.
Conforme apurado pelo Campo Grande News, a vítima procurou a Casa da Mulher Brasileira na noite do dia 22. Incentivada pela filha, de 11 anos, e cansada de passar por inúmeras situações de violência, a mulher procurou ajuda, fugindo de casa a pé.
Ela registrou boletim de ocorrência às 23h19 daquela quarta-feira. Pouco tempo depois, o marido, alvo da denúncia, começou a ligar para parente à procura da esposa e relatou detalhes documentados na Deam.
Ainda de acordo com o relatado ao Campo Grande News, o agressor sempre se gabou para a vítima de ter muitos amigos, inclusive, na polícia. Durante a confecção do B.O, a mulher repetia ter medo que o marido entrasse na delegacia e cumprisse a ameaça de matá-la, sendo tranquilizada pelo escrivão sobre o sigilo dos dados.
A situação provocou revolta de advogadas que assistiam à vítima. “E se ela tivesse voltado para casa naquela noite?”, questiona uma das profissionais, que pediu para não ser identificada, também por medo de represálias. Na ocasião, a mulher ficou no abrigo da Casa da Mulher e, agora, conta com medida protetiva de distanciamento. A Justiça também determinou busca e apreensão das armas.
A gravidade da situação foi relatada à OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil), que comunicou os fatos à Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública). O ofício é datado de 23 de setembro e foi encaminhado ao titular da Sejusp, Antônio Carlos Videira.
Rotina de medo – Ainda conforme relatos da vítima, o casal está junto há 18 anos, mas conforme a situação financeira da família foi melhorando, as agressões verbais à esposa tornarem-se agressões físicas. No último dia 19, um domingo, a sessão de violência incluiu tapas, socos, chutes e tentativa de estrangulamento. Noutra ocasião, o marido colocou um revólver na sua boca, com ameaça de morte.
A vítima tem o direito de não ter o nome exposto por questões de segurança. A pedido dela, que teme retaliação, a identidade do agressor também foi omitida na matéria.