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Capital

De alto custo, marca-passo estimula cérebro e atenua Parkinson

A cirurgia, que dura quatro horas e custa R$ 150 mil, foi exibida hoje em hospital

Aline dos Santos e Yarima Mecchi | 25/02/2017 10:05
Cirurgia foi feita hoje, com exibição em telão, para médicos no hospital da Cassems. (Foto: Marcos Ermínio)
Cirurgia foi feita hoje, com exibição em telão, para médicos no hospital da Cassems. (Foto: Marcos Ermínio)
Cérebro recebe eletrodo com espessura de agulha.  (Foto: Marcos Ermínio)
Cérebro recebe eletrodo com espessura de agulha. (Foto: Marcos Ermínio)

Telemedicina de estimulação cerebral profunda. O procedimento cirúrgico de alto custo, grande nome e avanço da tecnologia, realizado de forma inédita neste sábado (dia 25) no hospital da Cassems, tem uma simples tradução para Paulina Escobar da Costa, 76 anos.

“O bom é que consigo caminhar bem, não caio mais e consigo pegar o neto no colo. Meu neto mais velho de 12 anos disse que ficava muito triste porque não pegava ele no colo”, diz, com a voz pausada, sobre a cirurgia que amenizou os efeitos do Parkinson. Ela fez o procedimento há três anos.

Hoje, a cirurgia que coloca marca-passo para levar estímulos elétricos ao cérebro é apresentada em telões no auditório do hospital da Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande. O paciente é um homem de 45 anos. O marca-passo é colocado no tórax, perto da clavícula; enquanto um eletrodo, com espessura de uma agulha e oito centímetros de comprimento, vai no cérebro.

De acordo com o médico neuroclínico Renato Ferraz, a recomendação do procedimento é para paciente que tenha mais de cinco anos da doença. A cirurgia também é indicada quando os efeitos colaterais se sobrepõem ao combate do problema. Contudo, o médico destaca que toda cirurgia tem risco e é preciso analisar caso a caso.

Em média, o procedimento é recomendado para 8% das pessoas diagnosticadas com Parkinson. “À vezes, paciente quer fazer cirurgia e não é recomendado. Sendo melhor manter a medicação” diz o médico.

A cirurgia dura quatro horas e custa R$ 150 mil. Segundo Renato, o procedimento é feito por planos de saúde, particular e quando há ordem judicial para o SUS (Sistema Único de Saúde). A cada cinco ano, a bateria deve ser trocada, ao custo de R$ 70 mil.

A Cassems não oferece o procedimento pelo plano de saúde, mas a estrutura do hospital pode ser utilizada para cirurgia particular. Sobre o procedimento de hoje, o médico afirma que é uma oportunidade para criar vínculo entre neurocirurgiões e clínicos.

“E saberem a possibilidade de tratamento e indicações”. Campo Grande tem 50 neurologistas, sendo, em média, 20 neurocirurgiões. Antes da cirurgia, houve palestra do médico Jony Soares Ramos, que atua em Cuiabá (Mato Grosso).

Melhora – Paulina tem Parkinson há 21 anos. Christiane Escobar, 46 anos, conta que a mãe não tomava banho sozinha, tinha dificuldade de locomoção e para se alimentar. “Além da qualidade de vida, agora só toma um tipo de medicação. Antes, eram três tipos de medicamentos”, diz.

Os principais benefícios são melhora da qualidade de vida, diminuição dos impactos da doença e da medicação, aumento do tempo de efeitos dos medicamentos e melhora dos principais sintomas da doença, como tremores, rigidez e o excesso de movimentos involuntários. O Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, crônica e progressiva.

Paulina (à esquerda) voltou a pegar neto no colo. (Foto: Yarima Mecchi)
Paulina (à esquerda) voltou a pegar neto no colo. (Foto: Yarima Mecchi)
Segundo Renato, cirurgia deve ser analisada caso a caso. (Foto: Marcos Ermínio)
Segundo Renato, cirurgia deve ser analisada caso a caso. (Foto: Marcos Ermínio)
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