De encanador a “amarração amorosa”, farra dos anúncios se espalha pela cidade
Apesar de já estarem incorporadas à paisagem, essas propagandas contrariam lei
Faixa na Avenida Afonso Pena com anúncio de realização de show musical (Foto: Lucimar Couto)
No mesmo metro da calçada da Rua 14 de Julho, no Centro de Campo Grande, você pode encontrar empréstimo, ter auxílio para sacar dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) ou garantir “amarração amorosa”. Poste e caixa de telefonia se transformam em balcão de anúncios, numa farra da publicidade que se espalha pela cidade.
Na Afonso Pena, via que liga a Capital de leste a oeste, os postes dos semáforos viram ponto de propaganda para “caça vazamento”, encanadores e, mais uma vez, a promessa de trazer um amor. A situação acontece até na esquina da prefeitura, no cruzamento da avenida com a 25 de Dezembro.
Apesar de já estarem incorporadas à paisagem, essas propagandas contrariam a Lei Municipal 2.909, de 28 de julho de 1992, e sancionada pelo então prefeito Lúdio Coelho.
De acordo com o artigo 84 da legislação, é vedado colocar veículos de divulgação em vias, ferrovias, viadutos, passarelas, rodovias federais e estaduais que estejam dentro do limite do município.
Também é proibido em áreas protegidas pela lei, monumentos públicos, parques, jardins e canteiros. Ainda entram nos locais públicos "mobiliários" como postes, pontos de ônibus e hidrantes.
A proibição também se estende para as margens de curso d'água, parques, jardins, canteiros de avenida e área funcional de interesse ambiental, cultural, turístico e educacional.
Contudo, faixas foram instaladas nas grades da Praça Ary Coelho, no Centro. Uma anuncia a feira missionária em 12 de agosto. A segunda, da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), convida para feira de antiguidades.
No entorno da praça, também se encontra material de propaganda eleitoral do ano passado e intervenções culturais afixadas em postes. Na Rua 15 de Novembro, ao lado da praça, totens de propaganda, que são móveis, atrapalham o caminhar dos pedestres.
Na região central, também marcam presença material de propaganda no formato wind banner, aquelas bandeiras que tomaram as calcadas nas ruas do Centro ou vias mais comerciais, como a Spipe Calarge.
Para o pedestre, o cálculo é simples, quanto mais coisas no meio da calçada, menos espaço para a caminhada. Também é preciso atenção para, com a força do vento, não levar uma “bandeirada” durante o trajeto. E o percurso já é uma prova de obstáculos.
“O Centro tem muitos buracos na calçada. Ontem mesmo, vi uma senhora torcendo o pé. Também tem muito vendedor ambulante e o espaço na calçada já é pequeno”, conta Carlos Eduardo Miranda, 21 anos. Diariamente, ele percorre as ruas do Centro vendendo sacos de lixo, numa ação para arrecadar recursos para projeto social.
O Campo Grande News questionou a prefeitura sobre a propaganda irregular pela cidade, mas não obteve resposta até a publicação da matéria.
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