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Capital

“Decepcionante”, define mãe de Eliza Samúdio após policial sair livre de júri

Considerado culpado pela morte da Eliza Samúdio a mando do goleiro Bruno, Zezé poderá recorrer em liberdade

Anahi Zurutuza | 27/08/2021 16:48
Sonia e os porta-retratos com fotos de Eliza que estão próximas da mesa de estudo de Bruninho. (Foto: Arquivo da Família)
Sonia e os porta-retratos com fotos de Eliza que estão próximas da mesa de estudo de Bruninho. (Foto: Arquivo da Família)

Condenado a 22 anos de prisão pelo assassinato de Eliza Samúdio, o policial civil aposentado José Lauriano de Assis Filho, o Zezé, deixou o Fórum de Contagem, em Minas Gerais, livre, do mesmo jeito que chegou. Apesar de ter sido considerado culpado pelos jurados, ele ganhou o direito de recorrer da sentença em liberdade.

Para Sonia de Fátima Moura, 55, mãe de Eliza, ver o último dos envolvidos na morte da filha ainda “sem pagar pelo que fez” 11 anos após o crime, é uma decepção. “A condenação foi merecida, mas essa possibilidade de recorrer em liberdade, para mim, é decepcionante. Quantos anos mais ele vai ficar livre? É uma sensação desoladora. Não tenho outra coisa para te dizer, não tem como expressar a indignação pela nossa Justiça”.

A avó de Bruninho, filho de Eliza com o goleiro Bruno Fernandes, hoje com 11 anos, vê um único ponto positivo no desfecho do julgamento de Zezé. “Muitos achavam que o Bruno era inocente. Mas, se depois de 11 anos, uma pessoa que ficou fora naquela época do julgamento, é condenada, é porque a investigação, a denúncia do MP [Ministério Público] tem muita consistência. Se até hoje alguém ainda acha que ele [o goleiro] não teve ligação, como que essa denúncia se sustentaria? Demorou? Demorou. Mas está todo mundo condenado”.

José Lauriano de Assis Filho chegando ao Fórum de Contagem para segundo dia de júri, ontem. (Foto: TV Globo/Reprodução)
José Lauriano de Assis Filho chegando ao Fórum de Contagem para segundo dia de júri, ontem. (Foto: TV Globo/Reprodução)

Julgamento – Conforme a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais, Zezé foi o responsável pelo sequestro de Eliza e Bruninho, então com 4 meses, no dia 4 de julho de 2010. Ainda de acordo com a acusação, conforme apurado pelo G1 de Minas, o policial aposentado contou com a ajuda do primo do então jogador do Flamengo, Jorge Luiz Lisboa Rosa, para executar o “serviço” encomendado por Luiz Henrique Romão, o “Macarrão”, amigo do goleiro, a mando de Bruno.

O MP afirma ainda que Zezé estava no sítio de Bruno em Esmeraldas, região metropolitana de Belo Horizonte, e ajudou a manter Eliza e o bebê em cárcere privado até o dia 10 de junho, quando ela foi assassinada. Segundo a acusação, o policial aposentado participou do homicídio, ao lado de Marcos Aparecido de Souza, o Bola, e corrompeu o então adolescente Jorge Luiz Lisboa Rosa, para ajudá-lo a ocultar o cadáver.

Eliza Samúdio em entrevista ao site Hoje em Dia. (Foto: Hoje em Dia/Arquivo)
Eliza Samúdio em entrevista ao site Hoje em Dia. (Foto: Hoje em Dia/Arquivo)

José Lauriano nunca foi preso pelo crime. Chegou a ter a prisão preventiva decretada em 2015, foi considerado foragido, mas conseguiu habeas corpus meses depois, sem nunca se apresentar à polícia.

Ele foi a julgamento nesta semana por dois dias. O júri começou por volta das 10h de quarta-feira (25), no Fórum de Contagem (MG), foi suspenso e retomado por volta das 9h de ontem (26).

Onze testemunhas foram ouvidas, incluindo o goleiro e Macarrão, que participaram por videoconferência. A decisão dos jurados saiu por volta das 19h15 dessa quinta.

Desfecho? – Sonia atendeu ao Campo Grande News por telefone, enquanto assistia ao treino do neto em escolinha de futebol. Ele está se preparando para campeonatos que vão acontecer no fim de semana. “Ele está com 11 anos, quase 1,70, calçando 41, com saúde e energia para gastar”, comentou sobre o neto, Bruninho, hoje, o motivo de seus sorrisos.

Para a mãe de Eliza, embora o último envolvido na morte da filha tenha sido condenado, a história ainda não teve um desfecho. “Não sei o que foi feito do corpo da minha filha ainda. Convivo com essa angústia”.

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