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Comportamento

Mãe de Eliza Samudio é contra série da Globo: “Fim também será sem o corpo?”

Sônia sugere um documentário, para que Bruno fale onde estão os restos mortais da filha

Danielle Valentim | 11/01/2020 07:05
Sônia diz que o pior problema é a série se basear em um livro que coloca Bruno como um santinho e Eliza como uma prostituta.  (Foto: Reprodução/Facebook)
Sônia diz que o pior problema é a série se basear em um livro que coloca Bruno como um santinho e Eliza como uma prostituta. (Foto: Reprodução/Facebook)

As notícias de que o assassinato da filha Eliza Samudio viraria enredo de uma série da Globo chegaram aos ouvidos de Sônia Fátima Silva Moura, 54 anos, há dois meses. Surpresa com o anúncio, a mãe se diz contra a produção e sugere o investimento em documentário para que Bruno revele onde está o corpo da filha.

Sônia afirma que, além da luta de dez anos para que haja justiça e finalmente posso se despedir da filha em um enterro, o principal problema da série é o fato de ser baseada no livro “Indefensável – O Goleiro Bruno e a História da Morte de Eliza Samudio”, que, segundo a familiar, coloca o assassino como santo e a vítima como prostituta.

“Não pediram nenhuma autorização e eu não vou permitir. Ainda mais se tratando daquele livro que coloca Bruno como um coitadinho e minha filha como uma prostituta que não prestava. Quem não leu o livro não está perdendo nada, mas agora com a compra dos direitos pela Globo, com certeza a população vai querer comprar. Eles deveriam fazer um documentário e descobrir onde está o corpo dela. Daqui 5 meses completa 10 anos que executaram minha filha e eu não sei nada. A justiça não consegue saber o que foi feito com o corpo. A minha luta tem 10 anos. Eu venho falando disso há 10 anos”, frisa.

A defesa da família é feita, desde o início do caso, pela advogada Maria Lúcia Borges Gomes. Que, inclusive, trabalha pelo direto da criança em receber a pensão, atrasada há dez anos. “Eu crio o Bruninho sem pensão, hoje eu sou dona de casa, porque tive que me dedicar a ele. Meu esposo é quem sustenta o lar nos últimos dez anos. Existe uma ação que o Bruno abriu em Campo Grande em março de 2014, para o negatório de paternidade, a justiça daqui negou, mas ele conseguiu levar para o supremo, e o processo aguarda julgamento”, explica Sônia.

O sofrimento pela morte da filha “mata” Sônia aos poucos, mas é o neto, o pilar que mantém a sanidade, garante. “Ele é a força que me deixa a continuar, a querer continuar saber do corpo da minha filha. Ele não tem ninguém, além de mim, e eu também dependo dele. Todo mundo esquece que ele é uma criança e que está em formação. Ele é cheio de sonhos, que poderiam ser realizados com ajuda da pensão. Ele sempre quis fazer inglês e natação”, conta Sônia.

O diminutivo de “Bruninho” está mesmo só no nome. Antes mesmo de completar 10 anos, o menino já mede 1,52 metro, usa roupas de garotos de 14 e 16 anos, pesa 40 quilos e calça 38. ”Ele é forte, determinado e sempre faz projetos na vida. Sempre foi o sonho fazer inglês e ele conseguiu uma bolsa em uma escola bilíngue de Campo Grande graças a sua nota na escola”, conta a avó.

Além do investimento na educação, a pensão serviria para realizar sonhos do garoto, um deles a de conhecer a cidade de São Paulo. “Nós conseguimos duas cortesias da Andorinha e para retornar de lá amigos se juntaram para pagar nossa passagem. Mas a viagem foi mágica para Bruninho. Visitamos o Centro de Treinamento do São Paulo e, além de conhecer alguns jogadores, ganhou ingresso para o jogo do presidente do clube, o Léco, e uma chuteira do Hernanes. Tudo isso no dia 12 de outubro, Dia das Crianças”, conta.

Para a avó de Bruninho, que no próximo mês completa 10 anos, dizer que o goleiro pagou pelo crime é uma afronta, já que ele teria de ter cumprido toda a sentença. Mais que isso, Sônia acredita que a condenação é paga pelo neto, que foi privado de crescer ao lado da mãe.

Contratação do goleiro - Na segunda-feira (6), a principal âncora da afiliada da TV Globo na Bahia, a jornalista Jéssica Senra se posicionou contra a possível contratação do goleiro Bruno, no time Fluminense de Feira, principalmente, pela possibilidade de voltar como “ídolo” após um crime tão brutal.

"Desejamos e precisamos que pessoas que cometem crimes tenham a possibilidade de refazer suas vidas mas, diante de um crime tão bárbaro, tão cruel, poderíamos tolerar que o feminicida Bruno voltasse à posição de ídolo? Que mensagem mandaríamos para a sociedade?", disse a jornalista, referindo-se ao jogador como "feminicida" durante toda a sua fala.

E no Instagram reforçou: "Penso que o feminicida deve voltar ao trabalho, mas não no futebol, não como ídolo. Defendo sua ressocialização, mas longe de qualquer torcida. E isso não é a lei que vai decidir. É a sociedade", escreveu.

Antes de encerrar a conversa com o Lado B, Sônia elogiou o posicionamento da jornalista. “Foi correto e importantíssimo o posicionamento dela. Nunca escutei uma coisa tão bela e de tamanha coerência”, finalizou Sônia.

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