"Quero o corpo da minha filha", diz mãe de Eliza Samudio
Ela conta que mudou devido a ameaças e briga na Justiça para goleiro pagar pensão de Bruninho
Há quase dois anos Sônia Fátima Silva de Moura espera por uma notícia: que os acusados pela morte de sua filha revelem o paradeiro do corpo. “Quero o corpo da minha filha, vou exigir deles”, diz a mãe de Eliza Samudio, que está desaparecida desde junho de 2010.
À época, a jovem buscava na Justiça que o então goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes, reconhecesse a paternidade de seu filho. Hoje, a defesa do goleiro, que sempre negou a morte, porque o corpo nunca foi encontrado, admitiu pela primeira vez o crime.
O advogado Rui Caldas Pimenta vai sustentar que Luiz Henrique Romão, o Macarrão, amigo do goleiro, tomou a decisão de matar Eliza por ciúme. “Sempre tive certeza que a minha filha tinha sido morta por eles”, afirma Sônia.
Depois de receber ameaças por telefone, sobre as quais prefere não entrar em detalhe com a imprensa, a mãe de Eliza trocou há sete meses o distrito de Anhanduí por Campo Grande.
“O portão da minha casa tem mais de cinco metros de altura, cerca elétrica e não saio mais sozinha”, conta Sônia, sobre as medidas de segurança que adotou. Com a mudança, ela deixou de vender os produtos artesanais. “Vivo com o salário do meu esposo. Agora, sou dona de casa e avó”, relata.
Bruninho, de 2 anos, mora com a avó, que detém a guarda provisória. Ela relata que, apesar de a assumir a paternidade, o goleiro nunca procurou saber do filho e não paga pensão.
A família vai pedir na Justiça que Bruno pague os valores devido ao menino. “Isso vai garantir a faculdade dele, uma escola melhor”, explica a avó.
A Justiça já decretou o bloqueio dos bens de Bruno.
Agora, a advogada Maria Lúcia Borges Gomes cobra a execução para pagamento do valor devido. O montante nã é revelado porque o processo corre em sigilo. Em outra frente, Sônia ainda briga pela guarda definitiva do neto, que também é pleiteada por seu ex-marido.
Longa espera - Longe do pai e junto da avó, Bruninho cresce saudável e, logo fique mais velho, terá acompanhamento psicológico. “Fomos à pediatra na última quarta-feira. Ele está com 15 quilos, 93 centímetros. É uma criança abençoada”.
Sônia vive à espera do julgamento de Bruno e mais sete réus, cuja data ainda não foi marcada. O julgamento será em Belo Horizonte (Minas Gerais). “Creio que vai acalmar meu coração. Mas a dor nunca vai passar”, diz.
Para a polícia, Eliza foi torturada e morta a mando do goleiro. Com base nos depoimentos tomados, foram descoberto indícios de que o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, teria sido contratado para matar a jovem modelo e esconder o corpo.
Ele teria asfixiado e cortado o corpo da modelo, jogando as parte do corpo para os cães da raça rottweiler, que ele criava.