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Capital

Delegada foi “leviana” ao dizer que não confia “na polícia”, classifica chefe

Delegado-geral repudiou gravação de reunião e divulgação para imprensa

Clayton Neves | 04/11/2021 20:25

“Afirmação leviana”, classificou o delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Adriano Garcia, sobre fala da também delegada Daniela Kades, que durante reunião interna, se recusou a revelar ao chefe a identidade de criminosos investigados pela Operação Omertà sob justificativa de que “não confiava na polícia”. A reunião foi gravada, e áudio obtido pelo Campo Grande News divulgado nesta quinta-feira (4).

“Diferentemente do que sugere a matéria e a afirmação leviana da Delegada, a Polícia Civil do Estado de Mato Grosso do Sul confia integralmente em seus membros”, diz nota assinada por Adriano Garcia.

No texto, ele afirma que as imagens foram feitas no mês passado em encontro sigiloso para tratar o combate ao crime organizado e repudiou a gravação e divulgação à imprensa. “ O áudio divulgado trata-se de um recorte, não revelando o início e o final da reunião, cuja íntegra por certo demonstraria o que de fato ocorreu”, comenta o delegado.

A reunião polêmica virou objeto de investigação da Corregedoria Geral de Polícia Civile no entendimento da Delegacia-Geral, o caso “trata-se de possível violação aos princípios basilares da hierarquia e disciplina que regem as instituições policiais de todo o País”.

O caso - Depois de recusar a citar nomes de investigados na reunião, a delegada Daniela Kades afirmou que “não confia na polícia”, se referindo à série de denúncias de corrupção dentro dos órgãos de segurança pública feita pela própria força-tarefa da Operação Omertá. Agentes da Polícia Civil (investigadores e delegados), guardas municipais, policiais militares e policial federal foram presos nas ações.

Em áudio obtido pelo Campo Grande News, é possível ouvir que o começo da discussão se refere justamente as consequências das investigações que, em 2019, desarticulou o grupo criminoso apontado como responsável por pelo menos sete execuções na Capital. Na época, as ações revelaram que Jamil Name e o filho Jamil Name Filho comandavam a quadrilha.

Ele reclama que existem vários criminosos de fora do Estado em ação, que ele não tem conhecimento. A delegada, que participa diretamente da investigação, responde que a situação não é bem aquela. Inicialmente, Kades fala que “grupos” citados pelo chefe não são de fora de Mato Grosso do Sul. É neste momento, que ela revela não confiar o suficiente nas pessoas presentes para detalhar o assunto.

“Eu não vou falar o nome das pessoas”, afirma Kades. “Por quê?”, questiona Adriano. “Porque eu não confio na polícia”, responde ela.

“Se não vai por bem, vai na dor. Aí a gente põe hierarquia, porque é muito triste você dizer que não confia”, ameaça Adriano.

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