Delegado afirma que “golpe” denunciado na Ouro de Ofir continua
Mesmo com remessa do caso para a Justiça Estadual, delegado da PF afirma que apurações terão continuidade; prática sob investigação, agora, envolve o convencimento das vítimas
Mesmo depois de quase 50 dias das prisões realizadas na operação Ouro de Ofir, a Polícia Federal afirma que continuam a ser realizadas tentativas de se convencer vítimas no que continua a ser tratado como um golpe de grandes proporções. A afirmação é do delegado da Polícia Federal Guilherme Farias, que atua nas investigações.
“O golpe continua, com pessoas ainda acreditando nos pagamentos”, declarou Farias ao Campo Grande News. Segundo ele, informações recorrentes sobre a atuação de pessoas envolvidas no esquema, contatando pessoas por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens, chegam à sede da PF na Capital.
Uma das práticas comuns na Ouro de Ofir envolveu o contato entre vítimas e acusados de participação no esquema por meio de apps como o WhatsApp. Ali, a disseminação de informações continua a pleno vapor, seja por meio de postagens tentando dar veracidade aos fatos sob apuração ou tentativas de desqualificar as investigações da PF.
“Até hoje muita gente acredita. Questiona o trabalho da PF, a Justiça, tudo, para manter essa ilusão”, prosseguiu o delegado.
Estadual – Em 22 de dezembro, o juiz federal substituto Roberto Polini, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, acatou argumento do MPF (Ministério Público Federal) pelo arquivamento de parte das denúncias na Ouro de Ofir –referentes a crimes contra o sistema financeiro, que são da alçada daquela esfera do Judiciário– e remeteu os autos para o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
Enquanto a defesa de Celso Éder Gonzaga Araújo, apontado como um dos líderes do suposto esquema, já prepara nova tentativa para obter sua liberdade, a PF também trabalha para sustentar suas acusações. “Dá para comprovar que houve as práticas. Eles [acusados] já foram denunciados na Justiça Estadual, que terá de receber a acusação apresentada pelo MPMS [Ministério Público de Mato Grosso do Sul] no plantão”, declarou o delegado Araújo.
Para a PF, apesar da manifestação do Ministério Público, “há elementos indicando que houve crime federal”. As teses com as quais a Polícia Federal trabalha no caso incluem suspeitas de falsificação de títulos federais, estelionato e formação de organização criminosa. O delegado reforçou que as investigações continuam para, agora, dar suporte às autoridades estaduais.