Delegado réu por apoio a milícia ganha liberdade e terá de usar tornozoleira
Delegado deve ser solto amanhã (06) após pagar R$ 26,1 mil de fiança e sob a condição de cumprir medidas cautelares
Decisão da 1ª Vara Criminal de Campo Grande concedeu liberdade ao delegado Márcio Shiro Obara, preso em junho deste ano acusado de esconder provas na apuração do assassinato do policial militar Ilson Martins de Figueiredo, uma das vítimas do grupo de extermínio chefiada pelo empresário Jamil Name.
Além de pagar R$ 26.125 mil de fiança (equivalente a 25 salários mínimos) o delegado ainda terá de usar tornozeleira eletrônica por 180 dias. Como ele ainda está proibido de retornar as suas funções como delegado e usar armas de fogo a Justica autorizou que a Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), caso achar necessário, o designe para alguma atividade administrativa.
Obara também terá de cumprir uma outra série de medidas cautelares, como comparecimento periódico em juízo, não sair de casa e não manter contato com testemunhas da investigação.
Desde que foi preso em 18 de junho, Márcio Shiro está na carceragem da 3ª DP (Delegacia de Polícia Civil) no Bairro Carandá Bosque, em Campo Grande. “Até amanhã ele será liberado”, comentou o advogado Ricardo Machado, responsável pela defesa do delegado.
Machado explica que entre os seus argumentos elencados no pedido de revogação da prisão preventiva, ele apontou que não haviam mais justificativas pela manutenção da prisão do delegado.
“A inocência dele é evidente, além de ser um policial respeitado, conhecido como excelente profissional e que solto, não oferece risco alguma a investigação”, comenta o advogado. Na decisão o juiz Roberto Ferreira Filho, determinou a fiança e as medidas cautelares, por entender que manter a prisão do delegado, seria “desnecessária” no momento.
Omertá – O delegado Márcio Shiro Obara foi preso na 3ª fase da Operação Omertà, acusado de esconder provas na apuração do assassinato do policial militar reformado, Ilson Martins de Figueiredo, ocorrido em 11 de junho de 2018.
No pedido de prisão o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) apontou que no carro da vítima, foi encontrado um envelope com a inscrição “dossiê” e que continha prints de conversas de WhatsApp entre Ilson e uma pessoa identificada apenas como "padrinho".
O diálogo citava que a morte do policial foi decidida durante reunião em Ponta Porã, que o interlocutor não iria conseguir reverter e que uma pessoa já havia sido morta por envolvimento no sumiço do filho de Fahd Jamil Georges.
O documento do Gaeco cita que o material não foi juntado ao inquérito policial da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), onde Obara era titular e investigava o crime. Nesta apuração, materiais da vítima, como caneta espiã e cartões de memórias não foram periciados.
Ao pedir a prisão do delegado, a investigação do Gaeco ainda apontou que era preciso esclarecer a relação financeira entre Obara e o investigador Célio Rodrigues Monteiro, também preso nesta mesma fase da operação, mas solto um mês depois. No ano passado, o delegado repassou R$ 60 mil por meio de depósitos para o policial, o que poderia indicar uma suposta lavagem de dinheiro.