Depois do acidente, a constatação: no trânsito o perigo é constante
Vítima admite ter tomado bebida alcoólica antes de pilotar moto e diz que não tomou o cuidado necessário
Ficar ‘de molho’ por pelo menos um mês por causa de um acidente de trânsito pode parecer pouco perto de perdas de vida e amputações de membros. Mas, para quem vive de perto a situação, as mudanças na rotina se tornam um drama e a lição que se tira serve para todos nós.
“Tem que tomar muito cuidado no trânsito, porque qualquer coisa é perigoso”, fala Priscila Tomicha Vaca, de 23 anos, que, na madrugada do último domingo (15) pilotava uma Honda CG Titan e colidiu com um Celta no cruzamento das avenidas Ernesto Geisel e Manoel da Costa Lima, em Campo Grande.
É esta a lição que Priscila afirma ter aprendido. “Foi falta de atenção minha e talvez dele também”, diz referindo-se a Rick Eiki Hanashiro, de 34 anos, que dirigia o automóvel.
Priscila conta que começou a pilotar há cinco anos, porém só a dois tirou a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e nunca havia se envolvido em acidente. Apesar de conduzir a moto a tanto tempo, ela fala que não gosta da ‘função’. “Nunca gostei de pilotar. Tenho moto porque é mais fácil comprar. Carro é mais caro”.
Antes do acidente, Priscila estava com a irmã, Claudiani Tomicha da Silva, 19 anos, e amigos em um churrasco. Na festa, o grupo ingeriu bebida alcoólica. “Tinha bebido antes. Não estava bêbada. A gente bebeu um pouco e comeu também”.
Priscila saiu da festa com a irmã na garupa da moto. Ela trafegava pela Ernesto Geisel e, no cruzamento com a Manoel da Costa Lima, houve a colisão que mudou, pelo menor por um bom tempo, a rotina dela e da mãe.
O condutor do carro envolvido na colisão não aceitou fazer teste de alcoolemia. Policiais que atenderam a ocorrência fizeram um TCE (Termo de Constatação de Embriaguez). Rick teve a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) apreendida e assinou um termo de compromisso. O carro foi recolhido ao pátio do Detran.
“Para mim que eu estava passando no sinal verde, não lembro direito”, lembra sobre os momentos que antecederam a colisão. “Só lembro de perguntar pela minha irmã e minha perna não mexia”, recorda.
As duas irmãs foram parar na Santa Casa. Claudiani teve algumas escoriações e recebeu alta no mesmo dia. Priscila teve fratura na perna direita, fez cirurgia, saiu do hospital dois dias depois e, agora, em casa, depende da ajuda da família.
“É um mês só na cama. Sem mexer a perna. Hoje eu chorei, porque é muito ruim ficar só dentro de casa”, lamenta. “Depois de um mês vou voltar no médico e aí a gente vai ver, se vou usar muleta ou não”.
A mãe de Priscila precisou parar de vender roupas para atender a filha 24 horas. Ela está de licença médica do serviço de atendente de telemarketing. O pai está desempregado. A irmã é a única que tem trabalhado.
Além de nos alertar para sempre ter muita atenção ao trânsito, o exemplo de Priscila também, mais uma vez, reforça que a combinação álcool + volante é perigosa. E que, ‘qualquer coisinha’ pode mudar a rotina do acidentado e de quem com ele convive.