Destratados por agentes, advogados denunciam abusos no presídio da Gameleira
Defensores dizem que precisam esperar até quase seis horas para que rpesos sejam tirados das celas
Grupo de advogados denuncia série de abusos que, segundo eles, são recorrentes no tratamento dado aos defensores por servidores da Penitenciária de Regime Fechado da Gameleira, em Campo Grande. Entre as reclamações, eles afirmam que são destratados e apontam espera de quase seis horas para remoção de presos das celas.
“Eles não tratam ninguém com respeito e não separam o que é preso e o que é advogado. É a única unidade em que os servidores vêem como inimigos e não entendem que estamos ali para trabalhar, assim como eles”, comenta a advogada Thaís Lara.
Segundo ela, a situação se agrava porque os agentes penitenciários se recusam a se identificar. “Eles usam um capuz cobrindo o rosto e quando perguntamos o nome se negam ou falam que se chamam Steve, um nome usado no meio policial”, relata.
Segundo a advogada Cibele Bezerra, na tarde desta sexta-feira (6) foi de quase seis horas a espera para falar com os clientes que estão no presídio. Atendimentos que segundo ela, levariam apenas meia hora em outras penitenciárias. “Cheguei às 10h e sai de lá quase às 16h e isso, para atender apenas quatro presos”, conta.
De acordo com ela, a péssima relação com os agentes penitenciários sempre existiu, no entanto, ficou ainda mais insustentável depois que duas advogadas fizeram uma live no mês passado onde, entre outras coisas, debateram os abusos sofridos. “A situação de descaso só piorou. Já denunciamos para a promotoria, ao juiz corregedor e nada é feito. Inclusive, o diretor já foi informado, mas é omisso com tudo”, revela.
Para tentar resolver a situação, a advogada Gabriela Godoy solicitou reunião com o presidente da OAB-MS. “Já enunciei, pedi providência, mas é sempre assim. Eles nos deixam em uma sala para advogados e não nos deixam nem sair no corredor
Em nota a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) informou que "todos os questionamentos estão sendo tratados pela direção juntamente com a diretoria da penitenciária e que o caso também está sendo investigado pela Corregedoria-Geral da Agepen para apuração detalhada dos fatos apresentados e providências cabíveis, se constatada irregularidade funcional".
"A Agepen está acompanhando de perto a situação de forma a aprimorar os serviços prestados", diz texto de nota enviada.