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Capital

Dobra número de motoristas bêbados e metade recusa teste do bafômetro

Quando a pessoa não enfrenta o teste, escapa de ser preso, por isso número de quem se nega subiu de 81 para 520

Bruna Pasche | 24/11/2018 09:19
Batalhão de Trânsito da Policia Militar é responsável pela autuação dos motoristas. (Henrique Kawaminami)
Batalhão de Trânsito da Policia Militar é responsável pela autuação dos motoristas. (Henrique Kawaminami)

Neste ano, 955 motoristas foram atuados por dirigir embriagados, segundo registros até o dia 18 deste mês. O número é o dobro do registrado em 2017, quando 461 condutores foram autuados, o que significa um aumento de mais de 48%. O mais curioso nas estatísticas é que a quantidade de motoristas que se recusa a passar pelo teste do bafômetro quase sextuplicou. Chegou a 520 até o último domingo, contra apenas 81 no ano passado, um aumento de 541,98% em Campo Grande.

De acordo com o comandante da Bptran (Batalhão de Trânsito da Policia Militar), William Nascimento, o aumento gritante dos números se deve ao aumento da fiscalização e de blitzes pela Capital, principalmente, nos feriados e finais de semana. “Só do último feriado e final de semana, nos dias 14 a 18, foram 20 autuações por dirigir sob influência de álcool e 49 recusas do teste do bafômetro”, informou.

A autuação por recusa do teste do bafômetro entrou em vigor apenas no final de 2016, antes, o motorista que não quisesse realizar o teste não era autuado e se não aparentasse sinais visíveis de embriaguez, era liberado. “Mesmo com o aumento das fiscalizações e do rigor nas leis, as pessoas continuam bebendo e dirigindo. É preciso ter uma consciência de que essa atitude gera consequência que às vezes podem ser sérias, tanto para quem bebe quanto para as outras pessoas no trânsito”, ressaltou o comandante.

Nascimento comentou ainda que a maioria dos motoristas se nega por receio do resultado. “A gente escuta muito que não vão fazer por que tomaram uma taça de vinho ou beberam há algumas horas, mas a gente sabe que a maioria é desculpa, que não foi só uma taça ou uma latinha de cerveja”.

Capitão Nascimento, da Bptran, reforça que apesar do esforço das forças para coibir a ação, é preciso que os motoristas se conscientizem. (Foto: Henrique Kawaminami)
Capitão Nascimento, da Bptran, reforça que apesar do esforço das forças para coibir a ação, é preciso que os motoristas se conscientizem. (Foto: Henrique Kawaminami)

Segundo a advogada Cássia Molina, muitos motoristas não fazem o teste por medo, dúvidas ou receio do resultado por conta do aparelho. “Eles têm dúvidas sobre a verdade do resultado, o que o motorista tem que fazer é pedir outro meio para certificar a embriaguez e isso não é oferecido, como um exame de sangue ou uma perícia”, explicou.

Quem é autuado por se recusar a realizar o teste, tem o carro detido até a apresentação de um condutor sóbrio, a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) suspensa por um ano, além de multa gravíssima de R$ 2.934,70 e 7 pontos na carteira. Já quem faz e o resultado dá mais que 0,34 responde por infração administrativa e crime, sendo encaminhada para a delegacia e autuado por dirigir embriagado, outro motivo que os motoristas se negam a realizar o teste.

Este é o caso do motorista, que não quis se identificar, que caiu em uma blitz da Lei Seca na rua Bahia, na madrugada deste domingo (18) e se negou a realizar o teste. “Eu estava voltando para casa e dei de cara com a blitz, parei e ele pediu meus documentos, eu entreguei e ele disse que era da Lei Seca e pediu para eu fazer o teste. Eu disse que não ia porque havia bebido no almoço e não sabia o que ia dar, ele respondeu que poderia não dar nada, mas eu lembrei que poderia ser preso e ele confirmou, ai não fiz, prefiro fica sem CNH por um ano do que passar pelo transtorno de ser preso”, disse.

O capitão diz que mesmo assim o motorista pode ser preso. "Além do teste, nós avaliamos as condições do motorista, se ele tem sinais de embriaguez ou não, se tiver podemos encaminhar ele para delegacia, mas se não tiver e mesmo assim se recusar, ele é autuado administrativamente".

Outra dúvida tirada pelo comandante é que sobremesas e antisséptico bucal não interferem no resultado. “Nós já fizemos vários testes, com bombom não deu nada, com o listerine deu na primeira vez, mas na segunda assoprada já não deu mais, isso porque o bafômetro pega o que está na corrente sanguínea e não o hálito”.

Os números devem continuar subindo, já que as fiscalizações serão intensificadas neste fim de ano. “As fiscalizações vão aumentar cada vez mais, para tentarmos coibir a prática, mas se o motorista não se conscientizar e deixar de beber e dirigir antes de ser pego em uma blitz ou causar um acidente, fica difícil de alcançar o objetivo”, concluiu.

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