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Capital

Dono diz ter amarrrado cão a moto porque CCZ não foi buscar animal

Francisco Júnior e Paula Maciulevicius | 10/07/2012 11:35
Vilson diz que animal era bem cuidado na casa. (Foto: Minamar Júnior)
Vilson diz que animal era bem cuidado na casa. (Foto: Minamar Júnior)

O pedreiro Vilson Jara Coene, 42 anos, detido ontem junto com o sogro, Isarel José Martins, 57 anos, por maus-tratos a um cachorro, nega que a intenção dos dois foi machucar o animal. Segundo ele, há mais de um mês havia solicitado que uma equipe do CCZ (Centro de Controle de Zoonose) fosse à casa, que fica no bairro Aero Rancho, examinar o cão, que apresenta sintomas da leishmaniose. Diante da demora, afirma, resolveu levar o animal e a única forma foi usando a moto.

A reportagem do Campo Grande News esteve no local e foi recebido pelos familiares, que logo mostraram o espaço onde ficava o cachorro, uma mistura da raça rottweiler com pitt Bull, chamado de Scooby.

O animal dormia em um cômodo da casa, onde há ainda restos de ração e uma vasilha com água. No espaço é possível ver vestígios de sangue, que segundo a família é devido ao sangramento provocado em decorrência da doença.

Vilson se defende da acusação de maus-tratos mostrando inúmeros remédios comprados para tratamento de Scooby. De acordo com ele, o animal está na família há 3 anos e sempre foi tratado com carinho.

Ele conta que ontem, devido à doença, o cachorro começou a piorar, e o sogro vendo aquela situação se desesperou. “Meu sogro me ligou pedindo pelo amor de Deus para eu levar o cachorro até o CCZ”.

Patas do animal ficaram feridas. (Foto: Minamar Júnior)
Patas do animal ficaram feridas. (Foto: Minamar Júnior)

O pedreiro disse que a única maneira para levar o animal até o CCZ foi de moto. Vilson afirma que fez de tudo para que Scooby não se ferisse, dirigindo devagar e desviando de ruas onde havia trânsito, além de ir parando para que o animal pudesse descansar e beber água.

Ele conta que inicialmente, a intenção era levar o cachorro a pé, mas no momento em que o sogro foi pegá-lo no colo, tentou mordê-lo dando a entender que estava com dor.

Por conta da doença, Scooby estava apresentando sangramento em várias partes do corpo, inclusive nas patas. “Foi uma atitude sem noção. Se fosse para judiar não teria levado até o CCZ, tinha largado por aí”, afirma.

De acordo com Vilson, no momento em que chegaram no CCZ os funcionários fizeram um escândalo e não deixaram ele e o sogro explicar o que estava acontecendo.

Segundo a chefe do Serviço do Controle da Raiva e outras Zooneses, Iara Domingos, os dois chegaram em uma moto trazendo o cachorro arrastado preso em uma corrente.

A especialista relata que o cão chegou exausto, com saliva grossa e onde pisava formava poça de sangue. "Apesar dele ser um animal de grande porte, não aguenta acompanhar uma corrida de moto. A moto não corre a menos de 20 km/h. Esse que foi o exagero”.

Ração e remédios comprados pela família para o animal. (Foto: Minamar Júnior)
Ração e remédios comprados pela família para o animal. (Foto: Minamar Júnior)

De acordo com ela, devido o longo trajeto, o cachorro perdeu a pele que recobre as patas. O ferimento equivale a uma queimadura grave nas mãos.

Os ferimentos nas patas impedem que o animal ande. Ele permanece deitado em uma maca.

Segundo Iara Domingos, o cachorro foi submetido ao exame que comprovou que ele está com leishmaniose, em estágio avançado. “Aí bate o desespero no dono”, disse. Como procedimento, outro exame será feito como contraprova ao primeiro.

A médica rebateu a informação de Vilson de que já havia solicitado o recolhimento do cachorro. Segundo ela, não consta nenhum pedido referente a este caso e que o CZZ atua das 6 horas até às 23 horas, além de ficar um veterinário de plantão.

Iara explica que o prazo para recolhimento de animais quando é feito o pedido é de no máximo uma semana.

Fotos dos ferimentos do cachorro foram tirados para ser anexadas no inquérito policial.

A Ong (Organização Não-Governamental) Abrigo dos Bichos informou que encaminhou uma pedido ao centro de zoonose para ficar com a guarda do animal.

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