Dono põe carrão de R$ 80 mil para rodar e faturar com novo ‘Uber chique’
Na categoria Select, percorrer 5 km em um HR-V no meio da tarde custa pouco menos que R$ 15
O trajeto foi de quase 5 km – de ida e volta, entre o cruzamento das ruas Goiás e da Paz, no Jardim dos Estados, e a praça Ary Coelho, pela avenida Afonso Pena – percorridos em 17 minutos e que custou R$ 14,33.
A diferença é que a equipe do Campo Grande News embarcou em um HR-V, um dos carros de luxo da Honda, que custa em torno de R$ 80 mil.
A reportagem testou o Uber X no dia 22 de setembro do ano passado logo nos primeiros que a empresa ativou o aplicativo que conecta motoristas em passageiros em Campo Grande. A plataforma ainda era novidade e pela corrida – entre o mesmo cruzamento no Jardim dos Estados e o Aeroporto Internacional –, a equipe pagou metade do valor que gastou com um táxi naquele dia.
Na tarde desta quinta-feira (16), quando a empresa passou a operar na Capital com a Uber Select, também fizemos o teste.
Valores – Para fazer o trajeto da rua Goiás até a praça pelo Uber X, a reportagem pagaria de R$ 7 a R$ 9, estimou o aplicativo antes de solicitarmos a corrida. No Select, o gasto seria de R$ 9 a R$ 12, mas a equipe foi e voltou para o mesmo ponto.
O percurso de táxi – só de ida – custaria entre R$ 11,38 e R$ 15,08 calculou o Easy Táxi, aplicativo que conecta taxistas e passageiros, sem a necessidade de contato com as centrais.
Motorista ‘promovido’ – O trajeto foi no carro que realmente é confortável, com ar condicionado potente, limpo e com bancos de couro. Mas, a história do motorista também é interessante.
Ele pediu para ter a identidade preservada e não explicou exatamente o porquê, mas por isso, só podemos contar que ele tem dois cursos superiores e tem outra profissão, também atuando como autônomo. “Sempre que eu saio do escritório e tenho um tempo livre ativo o aplicativo”, explicou.
O condutor colocou o carrão dele na rua logo nos primeiros dias da Uber na Capital e garante que mesmo sem passar dez, 12, 15 horas ativo, como alguns motoristas do aplicativo fazem, consegue tirar cerca de R$ 2 mil. Agora, que subiu de nível, espera faturar mais.
“Compensa? Um carro desses deve ter uma manutenção cara”. Essa foi uma das perguntas feitas a ele, que respondeu afirmativamente. “Eu ando mais pela região central”, esclareceu.
O nosso entrevistado revelou ainda ter amigos que também colocaram seus carrões na empreitada. “Tem empresário circulando por aí, com BMW, Mercedes, Ford Fusion, CRV”, avisa.
No “chutômetro” mesmo, ele estimou que 10% dos motoristas da Uber tenham sido “promovidos” e conta que além do ganho, acredita que o tempo que passa dirigindo serve como terapia, contra o estresse do dia a dia. “Vou dirigindo com tranquilidade, converso com as pessoas. Às vezes a gente pega passageiro mal educado, mas como em toda profissão, a gente tem de ter jogo de cintura”.
Categorias – Para trabalhar na categoria Uber X, a empresa aceita motoristas que tenham veículos fabricados a partir de 2008. Na nova versão, só entram carros com fabricação a partir de 2012.
O serviço é intermediário entre as categorias X e Black. Na última modalidade, os carros têm necessariamente ser de luxo (sedan e SUV), pretos e com bancos de couro.
O HR-V que a reportagem andou poderá, por exemplo, subir de nível se a Uber passar a oferecer o serviço Black na Capital.