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Capital

“É ruim você ser diminuída pela sua cor”, diz segurança que denunciou cantora

Caso aconteceu no fim do evento denominado “Os Brutos”, por volta das 4h30, no Gran Murano Buffet

Viviane Oliveira | 30/10/2022 12:18
A segurança conhecida como Soninha posa para foto com sua equipe de segurança (Foto: dviulgação / rede social)
A segurança conhecida como Soninha posa para foto com sua equipe de segurança (Foto: dviulgação / rede social)

A segurança Sônia Silva de Jesus, de 42 anos, conhecida como Soninha, que denunciou a cantora Lye Meireles, de 39 anos, após ser chamada de “gorda horrorosa e negra fedida”, disse que não é a primeira vez que passa por situação semelhante, mas nunca teve coragem de procurar a polícia.

Dessa vez, como o fato foi presenciado por várias pessoas, resolveu registrar boletim de ocorrência e vai “até o fim”. O caso aconteceu no fim do evento denominado “Os Brutos”, por volta das 4h30 deste domingo (30), no Gran Murano Buffet, localizado na Avenida Mato Grosso, no Bairro Santa Fé, em Campo Grande.

Segundo Sônia, trabalha como segurança de eventos há 24 anos, e se emocionou ao contar sobre o que aconteceu. Ela disse que o evento já havia terminado e a casa ia fechar, quando a proprietária pediu para avisar os convidados e direcioná-los até a porta de saída.

Havia duas mesas ocupadas, uma com a equipe da artista e a outra com promotores, amigos dos donos da casa. “Abordei essa moça e avisei que a casa iria fechar. Ela olhou pra mim e disse que só iria sair se o pessoal da outra mesa também fosse embora. Como o outro pessoal era convidado do dono da festa, pedi para que eles fossem para o fundo. Depois disso retornei e, de forma educada, pedi a ela que se direcionasse para a porta de saída”.

Cantora Lye Meireles (Foto: reprodução / rede social) 
Cantora Lye Meireles (Foto: reprodução / rede social)

A cantora e a sua equipe então se levantaram e, ao sair, caminharam em direção à porta errada. A segurança, então, informou que a saída era para o outro lado. Neste momento, Lye Meireles disse: “Eu já entendi sua gorda horrorosa, sua negra fedida”. “Na hora eu falei pra ela: o que a senhora falou? E ela ainda repetiu a frase que foi presenciada por várias pessoas, inclusive pela equipe dela. Eu ainda disse: você está sendo racista e preconceituosa”.

Ao ser informada que a polícia seria chamada, a artista foi saindo e caminhando rápido. “Eu ainda tentei abordá-la, mas não quis segurá-la porque sou grande, tenho 1,90 m e não queria que gerasse agressão física. Sou contra violência”, contou. Segundo Soninha, Lye Meireles estava na casa como divulgadora do evento.

Segundo a segurança, essa não é a primeira vez que passa por situação semelhante, mas antes nunca quis denunciar porque sempre ouviu que o negro se vitimiza. “A gente se cala, tem coisa que eu guardo comigo até hoje. Como um episódio de racismo que aconteceu em um carnaval. Em pleno século 21, uma pessoa pública diminuir alguém pela sua cor ou por ser gordinha é muito complicado. É complicado ser aceita, mas eu conquistei o meu espaço e sou reconhecida pelo meu trabalho”, desabafou.

A reportagem tentou falar com a equipe da cantora por mensagem de WhatsApp e ligação, mas até o momento não houve retorno.

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