Em bairros mais afetados pela covid-19 sobram queixas sobre aglomerações
Para maioris dos entrevistados, isolamento não tem sido respeitado
Vilas Boas e Maria Aparecida Pedrossian estão entre os bairros com maior número de casos confirmados de covid-19 em Campo Grande e a população deles acredita que as “saidinhas” frequentes de casa, junto com os ajuntamentos nas praças, é que fazem os números serem altos.
Pelo Sisgran (Sistema Municipal de Indicadores de Campo Grande) é possível verificar as regiões e bairros mais afetados pelo novo coronavírus na Capital, sendo que além desses dois bairros citados, Santa Fé, Carandá Bosque e Jardim dos Estados também estão na lista dos mais afetados.
A acabamentista de lava-jato, Celine Aparecida, 33 anos, que trabalha no Vilas Boas, diz que é novidade saber que o bairro está entre os que mais têm casos de covid-19 confirmados na cidade. Mas avalia que o fato de ver muitas pessoas na rua na região, influencia nisso.
“Eu sempre saio às 17h40 do trabalho e vejo as pessoas muito juntas, muitas pessoas nas ruas, nos comércios e na praça”, citando a Praça do Peixe, que já foi fonte de matérias do Campo Grande News sobre aglomeração aqui e aqui.
Moradora do bairro, Vanda Maciel, 68 anos, que é dona de casa diz que o médico dela já a havia alertado sobre o alto índice do novo coronavírus por lá. “Meu médico quem disse sobre a situação no bairro e que até atendeu algumas pessoas contagiadas”, contou.
Ela afirma que tem tomado todas as medidas necessárias para não se infectar, mas que não é o que ela vê dos vizinhos. “Eu tenho saído pouco, mas outras pessoas, pelo que a gente vê, saem e nem acreditam na situação da pandemia e acham que nunca vão passar por isso”, avalia.
A dona de casa contou ainda que ficou 42 dias seguidos sem sair de sua residência e que não está recebendo nem os netos em casa por causa do vírus.
Sirlei Ignácio, 57 anos, também moradora no Vilas Boas, sabia que o bairro apresentava muitos casos de covid-19, mas disse não conhecer ninguém que tenha se infectado. “Olha, quanto ao isolamento, está horrível. Basta ver na praça”, contou.
Ela tem diabetes e hipertensão, por isso faz parte do grupo de risco e “tomo todos os cuidados possíveis”. Segundo ela, a população do bairro começou a relaxar, levando as crianças para brincar na praça, que fica em frente à sua casa.
No Maria Aparecida Pedrossian, Creuza Barbier tem um restaurante e diz que viu na imprensa a situação de seu bairro como um dos que mais foi atingido.
“As pessoas não respeitam o isolamento, basta olhar aqui em frente ao restaurante: pessoas andando sem usar máscara e nem a distância entre as pessoas respeitam”.
Ela afirma ter mais medo de dengue do que de covid-19, mas que mesmo assim se cuida, usando máscara para atender os clientes que vão pegar marmita e oferecendo álcool em gel. “Lavo direto as mãos com sabão de coco, que eu acho que limpa mais”, diz.
Por fim, o autônomo Marcelo Ramos, 45 anos não sabia que o Maria Aparecida Pedrossian estava entre os com mais casos em Campo Grande e “fico até sem saber o que falar, porque meus pais são do grupo de risco, então eu me preocupo”, sustenta.
Sentado em frente à sua casa, ele conta que só sai para ir ao supermercado e é quando ele percebe que tem muita gente nas ruas. “O mercado também está sempre cheio”, conta.