Em jogo de GTA: Festival de palavrões contra campo-grandense vira briga judicial

A transmissão de jogo de GTA no Facebook terminou em processo judicial em Campo Grande, em que advogado de 26 anos pede a retirada de vídeo com mais de 27 mil visualizações. Também quer o banimento da streamer, que incentivou os seguidores a xingá-lo, uma “enxurrada de ódio”, segundo consta na petição inicial.

O processo foi protocolado na 14ª Vara Cível de Campo Grande no dia 22 de outubro e ainda não foi analisado pelo juiz responsável, José de Andrade Neto, que pode ou não aceitar a denúncia. Os nomes dos envolvidos serão preservados na reportagem.

Para quem não pertence ao universo dos games, é preciso explicação prévia.

A pessoa citada no processo é streamer, profissional responsável por transmissão de conteúdo em alguma plataforma. No Facebook, consta que tem 25 anos e mais de 122 mil seguidores. No Instagram, chega a 424 mil seguidores.

No caso específico, no dia 11 de setembro deste ano, a streamer retransmitia a atuação da cantora Anitta como gamer de GTA, no Facebook. GTA é sigla de Grand Theft Auto, jogo eletrônico de ação, uma franquia de sucesso e politicamente incorreta.

Durante a transmissão, a jovem fez comentários sobre o jogo, sobre a cantora e seguidores, ou seja, “react”.

No processo, consta que o advogado de 26 anos, residente em Campo Grande, não encontrou live de Anitta e foi informado que a streamer transmitia o jogo e, por isso, acessou o link no Facebook.

Porém, ele entrou na live “sem saber que se tratava de react”, ou seja, aberto a comentários dela sobre o jogo e seguidores. O advogado disse que se incomodou com a streamer que, segundo ele, aos gritos falava frases como “mete a p*** nela, vai garoto, ela tá esperando a p****, eu ensinei a Anitta a pagar um b*****, c*****”.

Na sequência, o campo-grandense publicou comentário “Cala a boca, garota, deixa a gente ouvir a brincadeira”.

De imediato, a streamer reagiu. “(...) quer ouvir? Vai na p** da live do cara que eu tô fazendo react, você é retardado? p** no teu c*, seu retardado do c***, filho da p***”. Os impropérios seguem durante alguns segundos até que ela incita os seguidores, dando o nome completo do advogado. “Pode mandar o *** tomar no c* no chat, vou pegar até a p**** do sobrenome dele (....) e sorte tua que não vou mostrar tua cara aqui pra te xingar, seu filho da p***”.

“Veja Excelência, a enxurrada de ódio recebida pelo Requerido”, citou a petição. Em seguida, os seguidores atendem ao pedido da streamer e o advogado é xingado por eles durante transmissão. Na ação, diz que se sente “extremamente abalado e constrangido”.

Segundo a ação, a streamer o bloqueou em seguida, o impedindo de fazer novos comentários ou responder às ofensas. A defesa diz que ele foi exposta a condição vexatória e questiona o comportamento dela, pois a jovem tem vários seguidores menores de idade.

Na ação, pede que o Facebook remova o vídeo que já teve 27 mil visualizações, sob pena de multa diária a ser estipulada pela Justiça, podendo variar de R$ 500 a R$ 10 mil.

Além disso, pede citação da streamer por meio dos contatos existentes nas páginas (email ou direct). Caso não seja possível, que seja realizada diligência para identificar endereço, que não foi localizado pela defesa do advogado. Para isso, seria necessário, segundo ação, dados do Banco Central e bancos de dados da justiça.

A ação ainda exige o banimento da streamer por violar várias diretrizes do Facebook. “A requerida além de realizar discursos de ódio, utilizando de palavras chulas em grande parte de suas lives, pratica, bem como incentiva o assédio moral”.

No documento, ele cita outras situações de constrangimento a seguidores, entre eles, menores de idade. Por fim, calcula pagamento de R$ 15 mil por danos morais, a ser pago em responsabilidade solidária entre o Facebook e a streamer.

A reportagem entrou em contato com a streamer citada na petição e aguarda retorno.