Em meio à greve, eleição do ACP mobiliza professores e políticos
Em meio à greve nas escolas municipais, a eleição da nova diretoria da ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública), mobiliza, nesta terça-feira (18), a categoria e até políticos. Algumas chapas contam com apoio de peso, enquanto outras sustentam o discurso no resgate da essência sindical e na aproximação com a realidade escolar.
Há nove anos no comando da entidade, Geraldo Alves Gonçalves apoia a eleição da chapa 1 “ACP Juntos Seremos Mais Fortes”, presidida por Lucílio Souza Nobre. Defendendo a “pluralidade” da categoria, o grupo confirma o apoio de políticos do PT, PMDB e PSDB.
“Precisamos de apoio na Câmara Municipal, na Assembleia Legislativa, por isso, formamos uma chapa plural, com gente de todos os partidos, como do PT, PSDB e PMDB”, frisou Geraldo.
Historicamente do lado do time da chapa 3 "Movimenta ACP", encabeçada, neste ano, por Francisco Edmar Ferreira, o deputado estadual Pedro Kemp (PT), hoje, apoia a chapa 1. “Um grupo saiu a revelia dele e ele decidiu ficar conosco”, confirmou o atual presidente da ACP.
Ferreira reforçou a perda do antigo aliado. “Ele (Kemp) sempre esteve conosco, mas este ano não nos apoiou, então, somos só nos mesmos, só os professores”, afirmou.
Ainda do lado da chapa 1, estaria a vice-governadora eleita Rose Modesto (PSDB). Segundo professores, até vídeos de apoio dela estariam circulando via WhatsApp. Tem educador que também relaciona o grupo à Semed (Secretaria Municipal de Educação). “O que a gente ouve falar é que tem gente da Semed vinculada à chapa”, disse Ferreira.
Encabeçada por Renato Pires de Paula, a chapa 2 “Renova ACP" conta com o apoio da cúpula da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul). A informação é confirmadíssima entre os adversários, apesar de Renato não ratificá-la.
“Somos uma chapa heterogênea, com profissionais que estão na escola, tem gente da rede estadual e municipal, temos apoio de entidades sindicais, mas a Fetems decidiu não apoiar ninguém abertamente”, afirmou o presidente da chapa 2.
Propostas – Segundo ele, o grupo defende “o resgate da essência sindical da entidade e mais proximidade das escolas, do trabalhos dos professores”. “No nosso entendimento, há distanciamento do sindicato da realidade das escolas”, ponderou Renato.
Para ele, o “sindicato só reúne a categoria para discutir salário”. “Isso é importante, mas também há necessidade de discutir a relação de trabalho, fazer um diagnóstico para combater, por exemplo, o assédio moral e a pressão para cumprir metas. Isso faz o professor, ao longo de anos, adoecer e pedir licença”, completou. Pesquisas nacionais, conforme Renato, apontam que a profissão “é a que mais adoece”.
Discurso parecido é defendido pelo presidente da chapa 3. “Temos que fazer um sindicato que vá realmente representar os professores e não o patrão. Precisamos melhorar a qualidade de vida, trabalhar com a prevenção”, ressaltou.
Candidato a tesoureiro pela chapa 1, Valdemar Gomes Carvalho Junior destacou o avanço salarial que o grupo conquistou ao longo dos anos. “Hoje, temos um dos melhores salários do Brasil, vamos continuar esse trabalho e lutar pela saúde do professor e por mais qualidade de vida”, ressaltou.
Procurado pela reportagem para falar sobre propostas e a eleição, o representante da chapa 3 “Independente para Fiscalizar”, Álvaro Roberto Benedito, estava com o celular desligado e não retornou as ligações do Campo Grande News.
O grupo só lançou chapa para concorrer ao comando do Conselho Fiscal. Por outro lado, a chapa 1 e 2 está completa e disputa tanto na eleição da Diretoria Executiva quanto ao Conselho Fiscal. A chapa "Movimenta ACP" apresentou nomes só na briga pelo comando da Diretoria Executiva.
A eleição - Presidente da Comissão Eleitoral, Alberto Ruiz Romero informou que, para votar, basta levar documento com foto e comparecer das 8h as 18h, na sede na ACP, na Rua 7 de Setembro, 693. Segundo ele, mais de quatro mil professores estão aptos a votos. Em média, de acordo com Romero, a participação é de 30% da categoria. “A maioria simples é quem decide”, disse.