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Capital

Em minutos, bancas do jogo do bicho são retiradas após décadas nas calçadas

Operação que reúne policiais do Garras e funcionários da prefeitura de Campo Grande está nas ruas desde cedo

Marta Ferreira e Clayton Neves | 09/12/2020 08:57



Nem cinco minutos. Foi isso que durou a retirada da primeira de 87 banquinhas usadas há décadas pela organização responsável por explorar o jogo do bicho em Campo Grande, que serão alvos de ação iniciada nesta manhã, como reflexo da Operação Omertà, de combate a organização criminosa.

A primeira cabine arrancada ficava na calçada da avenida Mato Grosso, em frente ao condomínio Eudes Costa. Não havia ninguém no lugar.

Foi preciso um guincho para a operação. Quando a estrutura foi retirada, a cabine se abriu e foi possível ver a presença de papéis e de uma cadeira.

A ação, embora já anunciada, surpreendeu vizinhos e até donos de imóveis onde as bancas ficam nas calçadas. A atividade ilegal ocupa as ruas de Campo Grande há 4 décadas, pelo menos.

Em dois endereços nos quais a equipe foi, as bancas já haviam sido recolhidas Um deles foi na Rua Desembargador Eurindo Neves,  no Bairro Coronel Antonino. Costureira de 34 anos, dona no imóvel onde ficava o guichê, contou que era uma idosa quem cuidava do espaço, usado para vender apostas do bicho e ainda lingerie e produtos de beleza.

Banca é arrombada na o Monte Líbano, que ficava em frente de delegacia. (Foto: Clayton Neves)
Banca é arrombada na o Monte Líbano, que ficava em frente de delegacia. (Foto: Clayton Neves)

Segundo a costureira, que pediu para não ser identificada, a banca estava no lugar já 4 anos pelo menos.

É errado? É. É fato que é ilícito, mas a gente apoiava porque sabia que ela mexia com outras coisas”, disse, citando as vendas de produtos. “Além disso, ela precisava ganhar o dinheiro dela”.

No mesmo ponto, Amarildo Oliveira Padilha, marceneiro de 52 anos, disse que o guichê do jogo de azar já estava no lugar quando passou a trabalhar por ali.

Nunca imaginava que iam tirar”, admitiu.

Padilha apoia a operação. “Esse jogo do bicho é uma máfia muito danada, que está aí há muitos anos”, afirma.

O marceneiro revela um receio. “Dessa vez parece que agora vai, mas no Brasil as coisas acontecem por um período depois volta... “

Em outra lugar na mesma região,  na Avenida Presidente Castelo Branco, a dona de casa Ana da Silva, 68 anos, conviveu por 8 anos com uma banca do jogo do bicho na calçada da casa dela. Ela contou ter cedido o espaço há um rapaz que apostas.

 “É ilegal, então, se não pode, tem que tirar”, explicou.

“Nunca imaginei que iam tirar, até porque o jogo do bicho era bem forte em Campo Grande”, afirmou.

Dentro das bancas, equipes encontraram antigos documentos do jogo.
Dentro das bancas, equipes encontraram antigos documentos do jogo.

Retirada – Equipes da prefeitura e do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) saíram às ruas antes das 8h) para cumprir a ordem de retirada das banquinhas metálicas.

Ao todo, são 20 pessoas envolvidas na operação para a retirada da 87 bancas instaladas em locais públicos de forma irregular.

São oito são policiais do Garras envolvidos e os demais são fiscais da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) e da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos). O Batalhão de Choque da Polícia Militar também dá apoio.

As equipes reuniram-se no pátio do Garras e percorrerão as sete regiões urbanas de Campo Grande, usando dois caminhões de de carga e dois caminhões do tipo munck para a retirada das banquinhas.

Em setembro, na fase "Black Cat" da operação, as bancas do jogo do bicho foram lacradas. Depois, uma lista de 107 endereços foi mandada para a prefeitura informando sobre irregularidades na ocupação de calçadas. No dia 25 de novembro, o município publicou edital exigindo a retirada pelos responsáveis.

Como isso não foi feito, começou hoje a operação, sem prazo definido para encerramento.

(Matéria editada às 9h38 para acréscimo de informações)

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