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Capital

Em novo interrogatório, Rhayann diz que agiu por ciúme, mas não confessa tortura

Rapaz foi preso em flagrante e deve passar por audiência de custódia nesta quarta-feira

Dayene Paz e Mariely Barros | 01/02/2023 10:48
Rhayann Medeiros foi preso em flagrante pela Polícia Militar. (Foto: Divulgação)
Rhayann Medeiros foi preso em flagrante pela Polícia Militar. (Foto: Divulgação)

Ao pedir para ser interrogado novamente pela polícia, Rhayann Medeiros dos Santos, de 27 anos, preso em flagrante por manter a namorada em cárcere e torturá-la com agressões, confessou que "brigou" por ciúmes. Ele deve passar por audiência de custódia nesta quarta-feira (1).

Preso em uma das celas da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), o rapaz - com histórico criminal como autor de violência doméstica - já tinha prestado depoimento e negou qualquer agressão. A polícia informou que ele "teve tempo para pensar" e pediu um segundo interrogatório na manhã desta terça-feira (31).

A delegada Elaine Benicasa, titular da Deam, afirmou que o relato seria complementado no primeiro interrogatório, mas o crime não foi admitido e Rhayann apresentou a mesma versão - de que a namorada havia se queimado acidentalmente com álcool. Ele apenas acrescentou que a briga foi motivada por ciúmes.

Rhayann já tem longo histórico envolvendo violência doméstica. Em 2019, aos 24 anos, ele e um amigo agrediram e mantiveram outra jovem em cárcere. A PM foi acionada e invadiu a residência, encontrando a vítima nua e molhada, enrolada em um cobertor. O corpo tinha vários hematomas e mordidas, inclusive no rosto. Ela foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e levada para uma unidade de saúde, onde foi atendida.

Rhayann e o amigo passaram por audiência de custódia. Na ocasião, o ex-namorado da jovem foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica e frequentar reuniões do grupo reflexivo do Cijus (Centro Integrado de Justiça). O amigo do rapaz acabou sendo liberado sem medidas cautelares.

A vítima recebeu um botão do pânico, para ser acionado caso Rhayann tentasse se aproximar dela, o que aconteceu no dia seguinte, quando ele foi visto perto da casa da jovem. Rhayann acabou sendo preso novamente e levado para a Deam.

Mais um caso - No sábado (28), Rhayann e a atual namorada, de 20 anos, saíram para comemorar o aniversário da jovem em uma tabacaria. No retorno para a casa de Rhayann, houve briga e a jovem pediu para ser levada embora para a casa dela, contudo o rapaz não aceitou. Ela abriu a porta e tentou se jogar do carro, momento em que ele a estrangulou com golpe mata-leão, que a fez desmaiar.

Quando acordou, ela já estava na casa do namorado, dando início a novas discussões. Foi então que Rhayann jogou álcool na vítima e a trancou no quarto. Nesse momento, segundo a delegada, ele demonstrava "muito ódio da vítima" e, então, iniciou a sessão de tortura.

O rapaz pegou uma balança e agrediu a namorada no rosto, ligando um ferro de passar roupa em seguida e passando a jogar vapor quente nela. Depois, encostava o ferro no rosto da jovem, que estava, além de nua, com pés e mãos amarradas por silver tape. Também jogou água quente na jovem e a colocou embaixo do chuveiro.

Itens apreendidos na casa do suspeito. (Foto: Divulgação)
Itens apreendidos na casa do suspeito. (Foto: Divulgação)

Rhayann, em seguida, fez um tipo de maçarico utilizando jato de um inseticida e isqueiro, queimando a namorada em várias partes do corpo. Nesse momento, tufos de cabelo passaram a cair no chão. Também ligou o acendedor de carvão de narguilé e a queimou novamente. Durante o resto da madrugada, estuprou a jovem.

No outro dia, domingo (29), ela reclamou de fortes dores e por volta das 17 horas ele saiu para comprar remédios, dizendo que ela só seria liberada quando os ferimentos sarassem. Na segunda-feira (30), Rhayann precisou ir até a loja que possui, na Avenida Júlio de Castilhos, momento em que a vítima procurou e encontrou seu celular, pedindo socorro ao irmão. O irmão, por sua vez, acionou a Polícia Militar, que foi até o local.

Abordado, Rhayann tentou negar que a namorada estava na casa, mas a jovem foi reconhecida pelo irmão, enrolada em um cobertor, na sala da casa. Na casa, a PM localizou instrumentos usados na tortura. Em um saco de lixo na parte de fora da residência, foi encontrada a fita usada para prender mãos e pés da vítima.

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