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Capital

Em protesto contra violência de gênero, mulheres oram pela família de Carla

O ato foi realizado no local onde o corpo da jovem foi encontrado na última sexta-feira (3), em Campo Grande

Maressa Mendonça e Paulo Francis | 05/07/2020 18:04
Amparada por parentes, mãe chora a morte de Carla aos 25 anos (Foto: Paulo Francis)
Amparada por parentes, mãe chora a morte de Carla aos 25 anos (Foto: Paulo Francis)

Grupo formado em sua maioria por mulheres se reuniu na tarde deste domingo (5) e fez uma oração pela família da jovem Carla Santana de Magalhães, de 25 anos, encontrada morta, na última sexta-feira (3), após ter sido sequestrada em Campo Grande.

Nas preces, além do pedido de conforto para os parentes, elas também suplicaram pelo fim da violência de gênero e punição dos culpados.

O encontro foi agendado via WhatsApp e ocorreu por volta das 16h no cruzamento das Ruas Nova Tiradentes e João Cassimiro, onde o corpo da jovem foi deixado. Até o momento ninguém foi preso pelo crime.

A mãe de Carla participou das orações e, visivelmente abalada, preferiu não conversar com a reportagem.

Uma das organizadoras do protesto, a massoterapeuta Telma Lima, de 45 anos, comentou que a intenção inicial era fazer uma carreta, mas isto não foi possível porque desde março existe uma liminar impedindo essas manifestações em Campo Grande para evitar aglomerações e consequentemente a propagação do coronavírus.

Grupo se reuniu para orar no local onde o corpo da jovem Carla foi abandonado (Foto: Paulo Francis)
Grupo se reuniu para orar no local onde o corpo da jovem Carla foi abandonado (Foto: Paulo Francis)


“Pedimos para não vir muita gente. O pessoal que ficou em casa também vai parar e fazer essa oração pela família que está sofrendo muito”, explicou.

Telma não conhecia a vítima nem os parentes dela, mas se solidarizou com a situação e decidiu unir mulheres que lutam pelo fim da violência de gênero. “A gente não pode aceitar esse tipo de coisa na nosso sociedade, no nosso País. A gente tem que pedir um basta”, declarou.

A organizadora pediu que os participantes pintassem um X vermelho nas mãos em alusão à campanha nacional voltada para vítimas de violência. Mulheres com dificuldade em pedir ajuda podem ir até um estabelecimento comercial, mostrar as mãos enquanto os atendentes pedem socorro de maneira discreta.

Mulheres pintaram um "X" nas palmas das mãos em adesão à campanha contra violência doméstica (Foto: Paulo Francis)
Mulheres pintaram um "X" nas palmas das mãos em adesão à campanha contra violência doméstica (Foto: Paulo Francis)


A subsecretária de Políticas Públicas para as Mulheres em Campo Grande, Carla Stephanini, também participou das orações. “Nesse momento todas que estão aqui são Carlas. Somos um grupo que pode se tornar uma legião de Carlas na nossa Campo Grande para fazer com que esse crime não seja esquecido e sim rigorosamente punido”, finalizou.

O crime - Quem matou a jovem Carla fez isso no mesmo dia em que ela gritou por socorro, por volta das 19h de terça-feira (30),  quando disse estar sendo "roubada" e não foi mais localizada.

Carla foi morta por esgorjamento, corte profundo no pescoço. O assassino usou instrumento cortante e produziu ferimento atingindo veias essenciais para a circulação sanguínea.

O cadáver foi abandonado, nu, na calçada de um comércio na mesma rua onde morava no Bairro Tiradentes. Não havia marcas de sangramento aparente no lugar.

Esse fato, como apurou o Campo Grande News leva a apuração para um caminho diferente do feminícidio, uma das hipóteses iniciais. O criminoso queria dar um "recado", comportamento típico de facções criminosas. Carla não tinha qualquer tipo de passagem tampouco histórico de uso de drogas.

De acordo com o titular da investigação, delegado Carlos Delano, havia sinais de violência sexual no cadáver.

A autoridade policial disse, no sábado que a polícia não iria adiantar se havia suspeitos ou linha de investigação definida. Testemunhas já foram ouvidas.

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