Em uma semana, Decat resgatou sete pitbulls e difícil é alguém adotar
Casos de abandono envolvendo a raça tem sido recorrentes, segundo a Decat
Em uma semana, a Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista) precisou buscar abrigo para sete cachorros da raça pitbull que foram abandonados. A delegacia relata à reportagem que situações como essa têm sido recorrentes, já que ninguém tem interesse em oferecer lar temporário ou adotar.
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Em 2023, a Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista (Decat) enfrentou um aumento no abandono de pitbulls, resgatando sete cães da raça em uma semana. A delegada Gabriela Stainle destacou a dificuldade de encontrar lares temporários devido ao preconceito associado à raça, que é frequentemente retratada de maneira negativa na mídia. Andrea Costa da Silva Ost, responsável pelo Abrigo dos Bichos, enfatizou que o comportamento dos cães é moldado pelo ambiente em que são criados, e que a adoção de pitbulls é prejudicada por estigmas, apesar de sua natureza dócil. O abrigo também promove o "Dezembro Verde", uma campanha de conscientização sobre o abandono de animais durante as férias.
Delegada titular da Decat, Gabriela Stainle relata que ocorrências de maus-tratos ou abandono que envolvem pitbull apresentam essa dificuldade. "É uma raça que normalmente as protetoras não conseguem abrigar. É mais difícil, porque brigam com outros cães", explica.
Na semana passada, sete cães da raça pitbull foram resgatados em situação de abandono. A delegada comenta que a delegacia prestou apoio em ocorrências que não envolveram diretamente a Decat. "Acho que nas últimas semanas tivemos que procurar abrigo para uns sete. Outros colegas nos procuraram em operações das delegacias deles, até a PM", completa.
Raça dócil - A protetora de animais e responsável pelo Abrigo dos Bichos em Campo Grande, Andrea Costa da Silva Ost, relata que o preconceito é um dos principais problemas que impedem a adoção dessa raça. Um dos motivos que influenciam esse pensamento é a forma como eles aparecem na mídia, em casos que envolvem violência contra outros animais ou pessoas.
“A população cria aquela imagem de que pitbull é assassino, ele não é assassino, quem é assassino é o homem. A diferença dele é que ele tem uma força superior aos outros animais”, pontua.
Andrea tem 23 anos de experiência no abrigo e reforça que independente da raça, o comportamento do animal é influenciado pelo ambiente onde são criados. “O animal é fruto do ambiente que ele vive, se um pitbull é tratado com agressividade, não se alimentam, não dão água, o animal acaba tendo essa personalidade agressiva. Isso pode ser com qualquer raça”, afirma.
Animais que são vítimas de maus-tratos e abandonados, segundo Andrea, carregam traumas e medo, mas isso não é impeditivo para a adoção, já que o comportamento do dono é o que influencia. "O animal sente quando a pessoa é boa", pontua.
A maioria dos animais resgatados pelo Abrigo dos Bichos foram vítimas de atropelamento. "Não tem ninguém por eles, eles vão para a clínica, são vira-latas, mas quando a gente resgata parece que eles sentem que são pessoas do bem que vão tratar", completa.
Um desses cães resgatados pelo abrigo é o pitbull batizado como "Aquiles". Há dois anos, ele está em um lar temporário e não conseguiu ser adotado, enquanto outros já ganharam um tutor ou tutora. Aquiles, devido ao acidente, perdeu uma pata traseira.
Para Andrea, Aquiles até hoje não ganhou um dono por ser pitbull. "É o preconceito mesmo. [...] Tivemos outros cães com deficiência que foram adotados", explica. Mesmo sendo um cão dócil, de acordo com a tutora, ele ainda não foi escolhido por ninguém.
Interessados em adotar o Aquiles podem procurar o Abrigo dos Bichos através do (67) 9984-2288.
Dezembro verde - Neste mês, a Decat e órgãos de proteção aos animais se voltam ao "Dezembro verde". O mês é de conscientização da população sobre os riscos de abandono aos animais pode acarretar.
Segundo a delegacia, as famílias costumam viajar de férias e isso aumenta o número de animais que ficam abandonados em casa, sem os devidos cuidados. Além disso, também aumenta casos de abandono nas ruas por seus tutores. Ambas as situações caracterizam o crime de maus-tratos.
Neste mês, a Decat realiza distribuição de material orientativo e palestras.
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