Enquanto revitalização não começa, Ernesto Geisel "cai" a cada chuva
Construída para ser a principal ligação entre os bairros das regiões norte e sul de Campo Grande, a avenida Ernesto Geisel sofre um novo desmoronamento a cada chuva. Com as chuvas deste mês, a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) interditou mais três trechos, sendo dois parcialmente e um cruzamento totalmente no Conjunto Aero Rancho.
Além das erosões, até o barro vem causando transtorno para os moradores que se deslocam dos bairros da região sul em direção ao centro da cidade. Nos dias de chuva, devido a não retirada da lama, apenas metade da via fica livre para o tráfego de veículos no bairro Marcos Roberto.
Na sexta-feira à noite, parte da cabeceira da ponte na rua Ezequiel Ferreira desmoronou e a Agetran interditou totalmente o cruzamento com a avenida Thyrson de Almeida (prolongamento da Ernesto Geisel), no Aero Rancho.
Também interditou parcialmente a avenida perto da rua Xavier de Toledo, no bairro Taquarussu, no sentido centro-bairro Aero Rancho. No mesmo sentido, houve a interdição parcial da avenida perto da passarela de pedestres no bairro Guanandi.
Ao longo de cinco quilômetros, a via está com sete pontos parcialmente ou totalmente interditado. O mais antigo é próximo do cruzamento com a avenida Manoel da Costa Lima, na Vila Jacy. O segundo mais antigo é o cartão postal do desleixo com a via, em frente ao Shopping Norte Sul Plaza.
Enquanto o projeto para revitalizar a avenida, entre a rua Santa Adélia, em frente ao Shopping Norte Sul Plaza, e a avenida Campestre, no Jardim Centenário, não sai do papel, usuários se revoltam com o abandono da via.
“Todo dia cai um pedaço dessa avenida! E vai ficando assim...” indignou-se Roberta Barbosa Lopes Francisco, pelo facebook. “Que vegonha para uma Capital tão linda!!! A Norte-Sul despencando há anos e sem conserto!!, lamentou outra moradora, Marta Holanda Bebel.
Retomada – Além de realizar as intervenções emergenciais e pontuais, o secretário municipal de Infraestrutura, Semy Ferraz, anunciou a retomada, com algumas correções, o projeto de revitalização do rio Anhandui, entre o Shopping Norte Sul e a avenida Campestre. O projeto prevê investimento de R$ 71 milhões.
A previsão é que as obras de drenagem no Anhanduí terminem no começo do ano que vem, enquanto todas as obras na região sejam finalizadas apenas no final de 2014. Semy contou que algumas obras já são realizadas no bairro Marcos Roberto, e estão inclusas nesta revitalização.
O secretário indica que o rio não será canalizado. Uma solução definitiva para os problemas de alagamentos na região será buscada com o novo projeto, que já estava licitado e com todo o processo de destinação de recursos em andamento na Caixa Econômica Federal.
O valor estimado para as obras é de R$ 71 milhões, sendo 10% deles da Prefeitura e o restante do PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento). O projeto será o mesmo definido pelo prefeito Nelson Trad Filho, mas com alguns ajustes.
Expectativa – A revitalização das avenidas Ernesto Geisel e Thirson de Almeida já traz para os moradores das regiões próximas a expectativa de uma cidade mais bonita e agradável.
Pelo menos essa é a opinião de Robson Pereira, de 43 anos, que mora no bairro Guanandi. Ele acredita que tanto o bairro como a cidade vão se beneficiar com a revitalização.
“Quando revitalizar, vai dar gosto de convidar amigos e parentes para visitar a cidade”, comentou Robson, que acompanhou a expansão da Ernesto Geisel da região à região sul da Capital e toda sua evolução ao longo do tempo.
Já Alex da Silva Barbosa, de 29 anos, opina que, não só pela revitalização, mas também pela segurança, as reformas na região do Conjunto Aero Rancho. “Pode mudar a imagem da região, que está bem esquecida. Vai colaborar para melhorar aqui”, afirmou.
Outra pessoa que está com boas expectativas quanto à revitalização é a cabeleireira Mereci Miranda Echeverría, de 61 anos. Ela mora no bairro Taquarussu há 16 anos, e diz que a revitalização irá mudar a “imagem feia” do local.
“Associam a imagem feita daqui com a do shopping aqui perto. Chamam até de shopping dos pobres. Com essa revitalização vão parar com isso”, argumenta a cabeleireira.
Além dela, Amarildo Espinosa, 46 anos, também expõe o descontentamento com a imagem passada na região. “O centro já se aproximou dessa região. O shopping é um exemplo disso. Ali não pode ser tratado como favela mais”, diz Amarildo, que há 40 anos mora em Campo Grande, e acredita que é preciso canalizar o rio.