Epidemia de dengue prejudica estoque de sangue e obriga adoção de quarentena
A epidemia de dengue, aliada ao Zika vírus e febre chicungunya está afetando o estoque de bolsas de sangue e plaquetas, especialmente da tipagem O negativo, nos bancos de sangue de todo o Estado. De acordo com a coordenadora da Hemorrede do Estado, Marli Vavas, o problema atinge todos os bancos, porém o Hemosul acaba sendo o mais prejudicado, já que é o principal suporte das cidades do interior.
Apesar de não ter um levantamento oficial sobre o aumento da demanda, Marli diz que os pedidos de plaquetas aumentaram "consideravelmente". As plaquetas são as células responsáveis pela coagulação do sangue e agem na defesa contra os sangramentos. Ocorre que nos casos da dengue hemorrágica, quem contraiu a doença precisa de transfusão de plaquetas.
Pessoas saudáveis apresentam uma contagem entre 150.000 e 400.000 plaquetas. Em quadro de dengue hemorrágica, por exemplo, esse número cai para menos de 100.000, às vezes menos que 10.000. Devido à queda das plaquetas e à inflamação dos vasos, os pacientes apresentam tendência a sangramentos, necessitando com urgência de transfusão de plaquetas.
Outro agravante, que vem prejudicando a manutenção dos estoques, é a adoção de um período de quarentena em relação as bolsas de sangue, em obediência a uma nota técnica do Ministério da Saúde, enviada a todos os hemocentros e bancos de sangue do país.
Além do fato de vários doadores assíduos terem contraído dengue, inviabilizando a doação, os bancos de sangue estão aguardando um período de sete dias para utilizar as bolsas em transfusões. Na verdade antecipamos essa orientação do Ministério e aqui no Estado implantamos essa quarentena já desde o dia dez", afirma Marli. O cuidado é maior em relação a pessoas que possam ter vindo de áreas com grande número de casos de microcefalia, como Pernambuco e Bahia, onde ocorre epidemia do Zika vírus.
Marli explica que após uma semana, caso o doador não tenha entrado em contato com o banco de sangue, a bolsa é liberada, pois significa que ele não apresentou sintomas de nenhuma das doenças. "O problema é que os sintomas geralmente aparecem depois de sete dias, por isso, às vezes a pessoa pensa que está saudável, mas já está com o vírus incubado, por isso precisamos esperar esse tempo para utilizar a bolsa", alerta.
Ela afirma que não há risco de o doador esquecer ou não avisar o banco de sangue sobre o surgimento dos sintomas de uma das três doenças. "Quem doa sempre muito responsável e objetiva o bem estar do outro, por isso confiamos que qualquer alteração no organismo seremos avisados pelos doadores", diz.
Final de ano - Aliado as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, existe a questão do recesso de fim de ano, período em que as doações normalmente caem nos bancos e hemocentros, já que as pessoas viajam. O cenário preocupa Marli Vavas, pois no momentro o Hemosul conta apenas com 13 bolsas do tipo O negativo, enquanto o ideal seria manter 27 em estoque.
A média de doadores tem se mantido em 100 pessoas por dia, enquanto que o ideal seria 150. Devido a problemática da quarentena, o ideal seria aumentar em 50% o número de doadores para garantir que não ocorra o desabastecimento do Hemosul.
O estoque baixo é tão preocupanhte, que a coordeanadora cogita suspender o ponto facultativo dado pelo governo do Estado no dia 31, para garantir um acréscimo no estoque. "Se tiver um acidente grave pode surgir uma situação complicada, pois não podemos liberar uma bolsa que não tenha passado pela quarentena", afirma.
Para quem deseja realizar uma doação antes do recesso de final de ano, o Hemosul estará aberto dia 24, até o meio-dia. Nos dias 25 e 1º dejaneiro, o local é fechado para doações, mas para a distribuição de bolsas o funcionamento é 24 horas.
O Hemsoul funciona para coletas de segunda a sexta-feira, das 7 às 17 horas e aos sábadosdas 7 horas ao meio-dia. As doações também podem ser feitas na Santa Casa e Hospital Regional.