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Capital

Esburacada e remendada, Três Barras reflete desperdício do tapa-buraco

Asfalto da Três Barras não suporta novos reparos e população reclama de dinheiro gasto à toa..

Anahi Gurgel e Marcus Moura | 02/04/2017 08:23
Trânsito na avenida Três Barras, nesta quinta-feira (30). Buracos se abrem em cima de remendos de outras operações tapa-buracos. (Foto: André Bittar)
Trânsito na avenida Três Barras, nesta quinta-feira (30). Buracos se abrem em cima de remendos de outras operações tapa-buracos. (Foto: André Bittar)

Asfalto nem tão antigo, mas já cheio de remendos, em uma das principais vias de Campo Grande, dá a impressão de que a operação tapa-buraco está sendo feita em vão e com desperdício de dinheiro público. Essa é a opinião de grande parte da população que convive diariamente com o ressurgimento de buracos na Avenida Três Barras, em trechos que receberam reparos há menos de 1 mês e já estão novamente intransitáveis.

Na avenida, localizada na região leste da cidade, não é de hoje que os serviços vêm sendo executados continuamente. Mas, como num ciclo vicioso, o asfalto não suporta as camadas de concreto betuminoso, e novos buracos se abrem sobre os remendos. E de novo, a operação passa pelo local e, de novo, buracos se abrem.

Em um percurso que não chega a 3 km, a reportagem contou mais de 200 buracos, que já se abriram sobre outros remendos de operações tapa-buracos mais antigas. São ruas em situação caótica que dão acesso a bairros superpopulosos como o Itamaracá, Rita Vieira e Tiradentes.

Na Três Barras, no encontro com a Eduardo Elias Zahran, há pouco mais de 3 semanas a operação tapa-buraco consertou parte do asfalto, que já era remendado. Agora, as fendas começaram a abrir novamente.

Na Rua Marquês de Pombal, esquina com a Getúlio Costa Lima, no Bairro Tiradentes, frentes de trabalho tamparam diversos buracos e, curiosamente, deixaram 1 de “lembrança”. “Não deu para entender por que deixaram apenas um buraco pequeno por fechar”, estranharam comerciantes da região.

Rua próxima à Avenida Três Barras, onde remendos não suportam o fluxo de veículos e se abrem novamente. (foto: André Bittar)
Rua próxima à Avenida Três Barras, onde remendos não suportam o fluxo de veículos e se abrem novamente. (foto: André Bittar)
Buraco em rotatória na Região Leste da cidade. Asfalto ruim provoca muitos acidentes. (Foto: André Bittar)
Buraco em rotatória na Região Leste da cidade. Asfalto ruim provoca muitos acidentes. (Foto: André Bittar)

Seguindo pela Rua Cayová, que é uma das vias de escape para quem não quer pegar a Três Barras, na Vila Santa Dorotéia, no mínimo 80 buracos protagonizavam o drama da rua em apenas 1 km de asfalto. Na manhã desta quinta-feira (30), 10 homens da empresa MR Júnior, contratada para a operação tapa-buraco, faziam remendo em cima de remendo.

“A ordem é fazer o conserto em toda a extensão da rua, desde a Zahran até a Marquês de Lavradio. Alguns pontos ficarão interditados até o período da tarde”, disse o responsável técnico Mário Batista, 68.

Em outro trecho da Três Barras, em um percurso de 1 km até a rotatória com a Marquês de Lavradio e a Rua José Nogueira Vieira, foram contados 60 buracos.

“A última vez que a operação tapa-buraco passou por aqui, há menos de 2 meses, os comerciantes até soltaram fogos”, conta a analista de marketing Valéria Santos, achando graça da ironia da atitude. Ela ressalta que a avenida é extremamente movimentada e que acontecem muitos acidentes no local.

“Na minha opinião, o dinheiro que está sendo investido para tampar buracos está sendo desperdiçado. Deveria ser redirecionado para recapamento das ruas. Remendar desse jeito é só um paliativo. Tampa e, com a chuva e movimento dos carros, abre tudo de novo”, pontua.

Cerca de 200 metros mais adiante, na rotatória com a Gerval Bernardino de Souza, a situação é ainda mais perigosa. Com 55 buracos em 1 km, que passa por um trecho com curva, o asfalto danificado se torna armadilha para motoristas, principalmente à noite, com a pouca iluminação do local.

“Foi no final de janeiro que fizeram a restauração desse trecho e ainda dá pra ver até a marca do asfalto antigo, que esta sendo encoberto nesta nova etapa”, apontou o empresário Rafael Cassaro, 28, proprietário de uma loja de material de construção.

Em um posto de gasolina em frente à rotatória, os buracos são a causa de 3 a 5 acidentes por semana, deacordo com o frentista Wesley Rêgo, 50 anos. “Aqui tem muito buraco, crateras enormes. Quando não é motorista que bate porque desvia do buraco, é motociclista que perde o equilíbrio e, com o impacto, são arremessados para longe”, relata.

“Tem tanto remendo, que o asfalto novo já não cola mais. Tem que ter uma solução”, acredita.

O secretário de Infraestarutura e Serviços Públicos, RudiFiorese, rebateu as informações dizendo que raramente os remendos se abrem. "O que é mais comum são novos buracos surgirem próximo dos trechos que já foram reparados. Mas isso ocorre porque a vida útil do asfalto da cidade já venceu", explica.

"Mas não temos outras alterantivas por enquanto. O ideal é recapeamento, mas nos faltam recursos", disse. 

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