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Capital

Espalhados pela Capital, indígenas kadiwéu cobram aldeia urbana

Representantes de todas as etnias também protocolaram pedido para criação de uma escola pública índígena

Por Kamila Alcântara | 10/05/2024 15:49
Grupo de kadiwéu na Comissão Permanente das Causas Indígenas, na Câmara dos Vereadores, pede aldeia urbana (Foto: Alex Machado)
Grupo de kadiwéu na Comissão Permanente das Causas Indígenas, na Câmara dos Vereadores, pede aldeia urbana (Foto: Alex Machado)

Mais de cem famílias da etnia kadiwéu, que vivem em Campo Grande, protocolaram na Comissão Permanente das Causas Indígenas, da Câmara dos Vereadores, pedido para criação de mais uma aldeia urbana para reunir todos eles em um único local. Durante a reunião da Comissão, realizada nesta sexta-feira (10), também foi oficializada a solicitação para implantação de uma escola pública que acolha as 24 comunidades.

Segundo o cacique Adevaldo Virgílio, famílias kadiwéus saíram da região de Porto Murtinho e percorreram os 439 km até Campo Grande há quase 30 anos. Desde então, eles se fixam onde têm condições de pagar aluguel, mas isso prejudica os vínculos e até a manifestação cultural deles.

“Nós pagamos impostos daqui, temos Título de Eleitor aqui e exercemos nossas obrigações como cidadãos. Queremos ter o nosso espaço para, finalmente, estarmos juntos e poder manifestar nossa cultura, já que em casa é pequeno e quando fechamos a rua pensam que é protesto”, disse o cacique. Todas as manifestações culturais são feitas em locais alugados.

O cacique diz que o grupo de famílias pleiteia um espaço no bairro Vida Nova ou no Parque das Figueiras. Eles temem que esses locais sejam invadidos e se torne uma questão fundiária complexa, mas garantem que vão respeitar todos os processos para conquistar as casas de forma legítima.

Documento mostra que os kadiwéu vivem em bairros diferentes de Campo Grande (Foto: Alex Machado)
Documento mostra que os kadiwéu vivem em bairros diferentes de Campo Grande (Foto: Alex Machado)

Atualmente, Campo Grande tem dez aldeias urbanas, sendo elas: Marçal de Souza, Inámaty Kaxé, Darcy Ribeiro, Água Funda, Tarsila do Amaral, Água Bonita, Estrela do Amanhã, Nova Canaã, Inápolis e Parava. Ainda temos outras 12 comunidades menores, mas com as famílias unidas por etnia. Apenas os kadiwéu e os kinikinawa estão em diferentes bairros. Segundo o último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), são 18,5 mil indígenas por aqui.

Escola indígena - Tendo como exemplo a organização das comunidades de Dourados, que já possuem quatro escolas de Ensino Fundamental e uma de Ensino Médio, os caciques de 24 comunidades da Capital assinaram um abaixo-assinado para implantação de uma unidade escolar que atende a cultura e tradições deles.

Segundo o professor da etnia terena, Kleber Gomes, é preciso primeiro ingressar com esse pedido na Câmara dos Vereadores para que seja montado um grupo de estudos na Semed (Secretaria Municipal de Educação) e comecem os trabalhos para criação da escola. Diferente da tradicional, ela vai ministrar aulas da língua materna no maior grupo étnico presente em Campo Grande.

Professor Kleber Gomes usa uma camiseta com as etnias indígenas de Mato Grosso do Sul (Foto: Alex Machado)
Professor Kleber Gomes usa uma camiseta com as etnias indígenas de Mato Grosso do Sul (Foto: Alex Machado)

“Nossa legislação pede para que as comunidades entrem com o pedido para que o processo de criação da escola seja feito, não o contrário. Então, todos os caciques assinaram o pedido e vamos entregar para a Comissão Permanente e esperamos que avance. Também já amadurecemos o pedido junto à Secretaria Estadual de Educação, para uma que atenda o Ensino Médio”, explica o professor terena.

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