Estuprador vai a júri por tentativa de feminicídio: “Se ela puder me perdoar”
Armado com faca e à luz do dia, ele abordou a vítima na rua e a obrigou a entrar num matagal
Acusado de ataque a três mulheres no Jardim Carioca, Felipe da Silva Gamarra, 28 anos, está no banco dos réus nesta sexta-feira (dia 11) para ser julgado por estupro e tentativa de feminicídio.
Na tentativa de não ser reconhecido pela vítima, covardemente desferiu facadas na mulher de 30 anos, após violência sexual e tentativa de roubo do celular. Hoje, durante julgamento na 2ª Vara do Tribunal do Júri, afirmou ser a vergonha da família e pediu redenção. “Se um dia ela puder me perdoar”. A frase levou a tia da vitima a se retirar da sala.
O ataque foi às 13h do dia 29 de julho de 2019, no Bairro Jardim Carioca, em Campo Grande. Armado com faca, ele abordou a vítima na rua e a obrigou a entrar num matagal. Felipe tentou roubar o celular, avaliado em R$ 1.590, mas desistiu porque ela não conseguia desbloquear o aparelho. Depois a violentou e desferiu as facadas.
O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) denunciou Felipe por tentativa de homicídio qualificado por emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa. As facadas começaram pelas costas da vítima, que estava amarrada e debilitada. Das 11 facadas, três foram no pescoço. A vítima permaneceu 19 dias internada.
Em casa, ela contou ao Campo Grande News sobre os momentos de horror. Na ocasião, em 20 de agosto de 2019, disse que era um milagre estar viva. “Quando eu comecei a perder as forças, pedi a Deus para me ajudar”. Ela conta que conseguiu levantar e deu alguns passos de volta para a passarela, caindo novamente. “Pedi de novo a Deus para me deixar chegar na beirada da passarela, para levantar e pedir socorro”.
A mulher foi atacada na passarela de acesso ao Núcleo Industrial. Na delegacia, o réu admitiu todos os crimes. Em juízo, confessou parcialmente, “admitindo ter desferido golpes de faca na vítima e o estupro, embora tenha tido que não se lembrava, mas se recordando que acordou no outro dia com a roupa com sangue”.
Nesta sexta-feira, diante dos jurados e do juiz Aluízio Pereira dos Santos, o acusado se disse arrependido. “Não precisava de nada disso, poderia ter me concentrado mais, pagado minha Gameleira. Queria falar que aquele Felipe que fez isso com essa pessoa não é eu hoje. Tenho vergonha de mim. Agradeço a Deus por ter permitido não tirar a vida dessa mulher. Se um dia ela puder me perdoar. Já pedi perdão para Deus”. A vítima e o marido não compareceram ao julgamento.
Mas a tia, uma servidora pública de 56 anos, expressou a revolta. “ A gente espera Justiça. Minha sobrinha está tentando sobreviver a base de remédio. Tem ansiedade, tem medo e não sai de casa sozinha”.
Prisão - Felipe Gamara foi preso em agosto de 2019. Ele cometeu os ataques às mulheres entre o final de julho e o dia 19 de agosto daquele ano. Em meio à comoção, fugiu para Anastácio, a 135 km de Campo Grande, onde acabou preso após briga com um familiar.
No atendimento à ocorrência, os policiais descobriram que ele era foragido da Justiça por acusação de homicídio e lesão corporal e cumpriram o mandado de prisão.