Fábrica vai à falência e deixa para trás focos da dengue e abandono
Se um terreno abandonado já causa transtornos, imagine três terrenos em um só lugar. Na avenida Bandeirantes, em Campo Grande, o que restou de uma fábrica de artefatos de cimento se transformou em abandono e muitos, muitos focos da dengue. Um pequeno imóvel construído nos terrenos, que deveria acolher a parte administrativa da empresa, serve hoje apenas como abrigo para usuários de drogas.
Os três terrenos se resumem a um grave problema de saúde pública. Em meio a uma epidemia de dengue no município, com mais de 25 mil casos, nenhum responsável pelo local parece ter ciência da seriedade da situação. Ao recorrer ao poder público, a única resposta que o vizinho ao terreno conseguiu foi se deparar com um jogo de empurra-empurra.
A empresa falida chamava-se Artefatos de Cimento Nossa Senhora Aparecida.
“A gente liga para o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), dizem que a responsabilidade é da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desencolvimento Urbano). A Secretaria até hoje não apareceu por aqui”, conta João Lopes de Freitas gerente da garagem de carros vizinha a antiga fábrica.
Segundo ele, o sentimento é de impotência diante de uma questão que parece não ter culpado. “Já tentei encontrar o responsável pela empresa, mas não consegui”, lamenta.
Segundo o gerente, um funcionário da garagem teve dengue há alguns dias. “Ele fica lá frente da loja e fica exposto”. João mostra as anotações das ligações feitas ao CCZ e a Semadur. Nos primeiros dias de janeiro aconteceram as primeiras tentativas e até agora não houve retorno. “A gente pode perder a vida por causa do desleixo de outros”, reclama.
O gerente lembra que o terreno está abandonado há mais de um ano. O dono da fábrica, segundo João, era um senhor de idade que morreu pouco antes da fábrica ir à falência. “A filha chegou a vir pra cá, mas não deu certo”.
A equipe de reportagem entrou em contato com o responsável pelo terreno. Identificado apenas como Paulo, ele não quis dar informações. Ele afirmou ser médico e estar no meio de uma consulta.