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Capital

Faltam insumos a crianças com necessidades especiais; prefeitura alega mudança

Mães alegam estar sem medicamentos, fraldas de qualidade e leite no CEM, em Campo Grande

Natália Olliver | 29/06/2023 09:05
Faltam insumos a crianças com necessidades especiais; prefeitura alega mudança
Fachada do Centro de Especialidades Médicas (Foto: Campo Grande News/ Arquivo).

Mãe de crianças com necessidades especiais vivem um pesadelo com a espera por insumos no CEM (Centro de Especialidades Médicas), em Campo Grande. Elas alegam estar sem remédios necessários para manutenção da saúde dos filhos, fraldas infantis de qualidade, que não causem alergia nas crianças, e leite para dietas especiais. Os insumos, em maioria, são adquirido via pedido judicial.

A reportagem conversou com algumas mães e constatou que a falta é sentida por várias e impacta diretamente na rotina dos filhos. De acordo com Daiane Ricaldi, o mais grave está na ausência de medicamentos e de itens para dietas especiais (leites e suplementos alimentares).

Joelma Belo é mãe da pequena Maria Valentina, portadora de uma síndrome rara chamada Cornelia de Lange. Ao Campo Grande News ela revela que a menina precisa de uma medicação para refluxo, além do material para gastrostomia, que conforme a mãe, nunca chega completo, como: seringa, gazes, soro, álcool, etc.

Faltam insumos a crianças com necessidades especiais; prefeitura alega mudança
Joelma foi até a Câmara municipal para pedir melhores políticas públicas para as crianças com deficiência (Foto: Izaias-Medeiros)

"Desde janeiro não nos é fornecido. Me sinto incapaz diante dessa situação, visto que minha filha não tem outro tipo de alimentação. Faço bazares, promoções e rifas para conseguir adquirir quando possível e tenho reembolso. Onde vamos parar com esse descaso total?”, indaga.

A situação é igual para Luana Kolschraiber, que há mais de três meses sofre com a ausência de fraldas no local. O filho possui uma patologia rara chamada Stxbp1.

“Não tenho dinheiro pra manter todo mês os gastos do meu filho que já são muitos, essas fraldas são o direito dele. Já somos excluídos de tantas coisas, me sinto sem voz, deixada de lado pela sociedade, me sinto esquecida, triste de eles não darem atenção pros nossos filhos, tão lindos e especiais”, disse.

Faltam insumos a crianças com necessidades especiais; prefeitura alega mudança
Luana Kolschraiber aguarda recebimento de fraldas e medicamentos (Foto: Arquivo pessoal).

De acordo com a mãe, a Carbamazepina, medicamento usado pelo filho, também está em falta. “Tenho que comprar 10 vidros todo mês. Tem seis meses que está sem. A falta das fraldas foi o fim da gota”.

Elisângela Silva de Souza, de 40 anos, tem um filho de 7, com cardiopatia congênita. Ela alega que o município está em falta com as fraldas. “Quando tem, é de péssima qualidade, Que deu alergia no meu filho. Desde janeiro não consigo pegar. Como ele toma diurético para o coração, ele faz muito xixi. Vivemos de doação nos grupos e até leite vencido já cheguei a dar pra ele”, comenta.

Situação - O Campo Grande News questionou a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) sobre o assunto. Em resposta, a pasta informou que o fornecimento de fralda é feito por demanda judicial e que os processos são individualizados.

“Não há uma falta generalizada. As fraldas são adquiridas com recursos do município. Como a fralda não é um insumo padronizado, ou seja, comumente fornecido pelo SUS, é necessário que estes processos sejam atendidos individualmente. O município não pode fazer uma reserva deste tipo de material, comprar uma quantidade maior. Além disso, existem os prazos burocráticos inerentes aos processo licitatório”.

Conforme a Secretaria, alterações no processo de compra, mudança de marca e tamanho da fralda, que são diferentes dos que estão constando na decisão, são motivos que atrasam o recebimento dos insumos.

“Itens como fraldas e dietas especiais são fornecidos mediante demanda judicial. Existem ainda processos que são compartilhados entre Estado e Município, sendo cada ente responsável pelo atendimento durante o período determinado. Cabe esclarecer que os processos são individualizados, desta forma, existem pacientes que estão sendo atendidos de maneira integral, bem como aqueles que ainda aguardam o recebimento de parte dos itens, considerando os trâmites citados, não havendo, portanto, uma falta de atendimento generalizada”.

A Sesau acrescentou que atualmente há mais de 1,5 mil processos cadastrados para recebimento de fraldas, dietas e outros itens. Ela também disse que não há falta do medicamento citado por Luana. “Carbamazepina não está em falta, temos tanto a solução oral quanto comprimido”.

Questionada pela reportagem, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) se limitou a responder que o fornecimento ocorre somente para pacientes que possuem demanda judicial, sendo os demais casos tratados com o município de origem.

Pedidos - Na última sexta-feira (23), mães e especialistas se reuniram para debater políticas públicas para o atendimento de crianças e adolescentes com deficiência na educação e saúde municipal.

O debate foi convocado pela Comissão permanente de Política e Direitos das Mulheres, de Cidadania e Direitos Humanos. O encontro aconteceu na Câmara dos Vereadores.

Entre os vários depoimentos, assuntos como assistência financeira, melhorias na educação e cumprimento de leis já existentes que amparam as pessoas com deficiência foram temas levantados.

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